
O Vaticano afirmou ontem que não há desculpas para o abuso sexual de crianças por membros do clero. A declaração foi dada na primeira reunião do Comitê da Organização dos Direitos Humanos (ONU) para os Direitos da Criança sobre o tema, com participação de membros da Santa Sé.
O encontro acontece em meio à investigação das Nações Unidas sobre a suspeita de violação da Declaração Universal dos Direitos da Criança pelo clero. O Vaticano é acusado de encobrir o escândalo de abuso sexual por padres que teria ocorrido em países como Estados Unidos, Irlanda e México.
Na sessão de ontem, o representante do Vaticano na ONU, monsenhor Silvano Tomasi, disse que existem abusadores em todas as profissões do mundo, inclusive o clero. "Encontram-se abusadores nas profissões mais respeitadas do mundo e, mais lamentavelmente, entre membros do clero e profissionais da igreja", afirmou.
Ele ainda ressaltou que esses crimes nunca devem ser justificados, independente se ocorrem "em casa, nas escolas, nas atividades esportivas ou nas organizações e estruturas religiosas". O monsenhor prometeu a ajuda da Santa Sé, que, segundo ele, se dispôs a receber sugestões de como coibir a prática.
Esta é a primeira vez que o Vaticano se manifesta publicamente nas Nações Unidas sobre o assunto. No mês passado, a Santa Sé se negou a dar mais informações sobre os procedimentos canônicos que estão sendo efetuados para punir os sacerdotes envolvidos em abuso sexual.
A Cúria Romana afirmou na ocasião que não é responsável pela punição legal aos padres que abusaram de crianças fora de seu território. Apesar da negativa, o papa Francisco criou no mês passado uma comissão destinada a investigar os crimes sexuais cometidos pelo clero.
Em abril, o papa Francisco pediu uma "atuação decisiva" para eliminar os abusos sexuais dos religiosos e garantir que os responsáveis sejam punidos.



