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Buenos Aires (AE) – O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, completou ontem um ano no poder. Primeiro socialista a chegar à presidência do Uruguai, sua eleição, em novembro de 2004 acabou com 174 anos de alternância no poder entre os partidos Colorado e Nacional ("Blanco"). Em sua posse, no dia 1.º de março de 2005, esteve presente o "crème de la crème" do socialismo mundial. Dos representantes da esquerda ou centro-esquerda regional, estiveram os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o argentino Néstor Kirchner e o venezuelano Hugo Chávez, discursando sobre a unidade latino-americana e a vantagem de ter, com a inclusão do Uruguai, um "Cone Sul progressista". Mas, ao longo deste ano, Vázquez mostrou que – mais do que a utopia – o pragmatismo prevaleceu em sua administração.

Desde a posse, Vázquez iniciou um intenso flerte com os EUA, enviou tropas ao Haiti, e promoveu a vinda de investimentos estrangeiros. No entanto, também atendeu pedidos da esquerda, mantendo uma relação cordial com os sindicatos, além de um programa de emergência para atender a população que ficou na miséria com a crise econômica de 1999–2003. Ao mesmo tempo, revelou dados oficiais inéditos sobre os crimes cometidos contra os direitos humanos durante a ditadura militar (1973–85) e iniciou escavações nos quartéis à procura dos corpos dos desaparecidos políticos.

Aprovação

Com a mesma placidez com a qual bebem litros diários de chimarrão (são os maiores consumidores mundiais), os uruguaios, segundo as pesquisas, aprovam esta ida gradual da esquerda para o centro. Agradando gregos e troianos, Vázquez também conseguiu manter a coesão da coalizão de governo, a Frente Ampla, uma colcha de retalhos que congrega democratas-cristãos, socialistas, comunistas, ex-guerrilheiros tupamaros e nacionalistas.

Há um ano, as previsões indicavam que a euforia da vitória eleitoral camuflava as divisões internas da coalizão, que parecia destinada à fragmentação. No entanto, os setores supostamente mais radicais, principalmente os tupamaros, tornaram-se o principal reduto de defesa da política moderada de Vázquez. O único desfalque – simbólico – foi o deputado Guillermo Chifflet, que não concordou com o envio de tropas ao Haiti, e renunciou.

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