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A líder da extrema direita Marine Le Pen obteve 17,9% dos votos | Pascal Rossignol/Reuters
A líder da extrema direita Marine Le Pen obteve 17,9% dos votos| Foto: Pascal Rossignol/Reuters

Crescimento da direita radical preocupa líderes europeus

Com a votação surpreendente de Marine Le Pen, líderes europeus demonstraram ontem receio a respeito do crescimento da extrema direita no continente. O resultado no pleito francês confirma uma tendência já apontada em diversos países da região.

Angela Merkel, chanceler (premiê) da Alemanha, considera que a ascensão da extrema direita é "preocupante", segundo disse o porta-voz do governo.

Mesmo termo, "preocupante", foi utilizado por José Manuel García-Margallo, ministro espanhol das Relações Exteriores, para quem o crescimento dos movimentos extremos na Europa é uma "péssima notícia para qualquer democrata".

Comentários afins foram repetidos em Luxemburgo, onde se reuniam ontem diversos ministros europeus das Relações Exteriores.

Para Didier Reynders, mi­­nistro belga, a "ascensão da extrema direita, seja na Bél­­ gica, na França ou em outro lugar, é sempre um motivo de inquietude na Europa".

Já Jean Asselborn, de Lu­­xemburgo, sugeriu que parte da responsabilidade pelo crescimento da extrema direita é de Nicolas Sarkozy, atual presidente da França.

"Se eu fosse presidente, me perguntaria por que um francês a cada cinco votou na Frente Nacional [de Le Pen]."

Sarkozy é criticado por, por exemplo, ter usado a questão das fronteiras europeias como tema para sua campanha, afirmando que são porosas demais – e propondo, inclusive, mudanças no tratado de Schengen, que estabelece a livre circulação entre países.

"Se é repetido em todos os dias que é preciso mudar Schengen, que é preciso ter uma política de imigração forte, [...] isso significa alimentar a Frente Nacional", disse o socialista Asselborn.

Villy Sovndal, ministro dinamarquês e também socialista, usou também o recorrente termo "preocupante" para o pleito francês.

"Estou nervoso por esse sentimento que vemos contra as sociedades abertas, contra uma Europa aberta."

Um dia após o primeiro tur­­no das eleições presidenciais na França, o presidente Nicolas Sarkozy e o socialista François Hollande deram ontem a largada em busca de votos de olho nos eleitores de extrema direita.

Com resultados próximos, em que Hollande venceu com 28,63% contra os 27,18% obtidos por Sarkozy, ter vantagem entre esse público será essencial às candidaturas.

Sarkozy endureceu ontem o discurso em relação à imigração e à segurança no país e prometeu manter os empregos da indústria na França – três temas que são caros a Marine Le Pen, candidata de extrema direita cujos eleitores tanto o atual presidente quanto o candidato socialista tentam atrair.

Le Pen teve 17,9% dos votos no domingo, e pesquisas mostram que a maior parte de seus eleitores tende a votar em Sarkozy, mas ainda com margem para disputa (veja info ao lado).

Le Pen deve anunciar em 1.º de maio sua posição a respeito do segundo turno francês, previsto para o dia 6 do mesmo mês. Ela tende, porém, a não endorsar nenhum dos candidatos. "Não mudo de opinião como quem troca de camisa. Eu não tenho nada a vender ou negociar."

Hollande afirmou que não irá "cortejar a extrema direita". Mas, ontem, ele endureceu também o discurso.

Pierre Moscovici, diretor de campanha do candidato socialista, afirmou que ele continuará a ser "bastante aberto" à imigração legal. Mas que, no entanto, "temos de lutar com firmeza absoluta, sem fazer concessões, contra a imigração ilegal".

Susto

Sarkozy é o primeiro presidente francês em exercício a chegar em segundo lugar ao primeiro turno de uma reeleição no país.

Seu desempenho fraco no pleito de domingo assustou os já nervosos investidores, que questionam a habilidade governamental europeia de honrar suas dívidas – que não são poucas. Títulos franceses caíram durante o dia.

Com eles, caíram as Bolsas da região. As perdas foram de 1,85% em Londres, 2,83% em Paris e 2,76% em Madri.

Analistas financeiros con­­­­­­sultados por agências de­­ notícias revelam que o­­ ven­­­­cedor do pleito, seja ele quem for, terá a tare­­fa de im­­por medidas de austerida­­de mais rígidas do que as prometidas durante as campanhas, cortando gastos públi­­cos e elevando impostos pa­­­­ra, assim, sanear o déficit público.

Sarkozy desafia o rival socialista Hollande a participar de três debates televisionados durante as próximas semanas, em vez da praxe de realizar apenas um encontro. Mas Hollande, com menos experiência em performance, deixa claro que, até agora, só aceita participar do debate previsto para 2 de maio.

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