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O centro de estudos Crisis Group prevê meses tensos até as eleições presidenciais em outubro na Venezuela, onde o desconhecido prognóstico de saúde do presidente Hugo Chávez, favorito na disputa, exacerba incertezas e pode colocar em risco "a estabilidade do país".

No relatório "Perigosa incerteza às vésperas das eleições venezuelanas", lançado neste terça-feira, o "think tank" especializado em análise de situações de conflito e instabilidade, não descarta a possibilidade de uma crise política violenta na Venezuela no caso de derrota de Chávez ou seu afastamento do poder, debilitado pelo câncer que combate.

O centro identifica que dois países - Brasil e Colômbia - terão papel preponderante no processo, especialmente na tarefa de desencorajar os atores políticos venezuelanos a se aventurar fora dos procedimentos previstos na Constituição.

Brasil, pelo peso econômico e político e pelos laços com o governo Chávez; Colômbia, pela geografia e pela relação forjada entre o presidente venezuelano e o moderado Juan Manuel Santos.

O informe recomenda que ambos os países se "comprometam, publica e privadamente, com a ordem constitucional na Venezuela e pressionem" Chávez e o candidato único da oposição, Henrique Capriles, a aceitar os resultados eleitorais.

Crisis Group aventa em especial a possibilidade do chavismo aceitar a alternância de poder.

"No caso de uma derrota eleitoral ou uma maior deterioração da saúde de Chávez, não é fácil imaginar o presidente ou seus aliados trasferindo o poder para um homem a quem eles chamam constantemente de 'majunche' ('um nada', 'medíocre')", diz o informe em sua conclusão.

Também considera a possibilidade de protestos populares ante uma eventual saída do atual presidente, dada o histórico de "repressão pré-Chávez" e a desconfiança dos mais pobres de que um governo oposicionista mantenha os programas socias de Chávez.

Doença e médio prazo

O relatório não traz mais detalhes do que os rumores mencionados na mídia que especula o estado de saúde de Chávez é grave, enquanto o presidente venezuelano garante que está "absolutamente bem" incrementou as aparições públicas nas últimas semanas.

Ainda assim, todo o texto considera em várias oportunidades a possibilidade de que Chávez não dispute em outubro ou não complete o próximo mandato.

"Talvez, se Chávez vencer em outubro - o que, se sua saúde permite, segue provável-, o tempo adicional de preparação tornaria uma eventual sucessão, não importa o que aconteça, menos volátil", diz o texto. "Ou talvez sua ausência, ou influência diminuída, poderia estimular uma dinâmica mais calma e menos divisiva que a atual, especialmente se atores regionais pressionarem as facções para que se acomodem."

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