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O governo da Venezuela anunciou neste domingo que denunciará as ameaças de sanções e a "interferência" dos Estados Unidos na crise política do país perante a ONU, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e a União de Nações Sul-americanas (Unasul).

"Vamos fazer uma denúncia formal perante a ONU, pela violação da Carta das Nações Unidas, e perante a Organização dos Estados Americanos, pela violação da Carta Interamericana", disse hoje o chanceler venezuelano, Elías Jaua, durante uma entrevista ao canal privado "Televén".

Na sequência, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela indicou que também levará essa denúncia formal à Celac e Unasul.

De acordo com Jaua, essas denúncias começarão a ser apresentadas na próxima semana, durante a reunião ordinária de chanceleres da Unasul no Equador.

"Vou apresentar em nome do presidente, Nicolás Maduro, (...) a primeira denúncia formal com todo um expediente do que foram as declarações intervencionistas dos porta-vozes, a começar pelo presidente (dos Estados Unidos, Barack) Obama, o secretário (de Estado, John) Kerry e outros porta-vozes nos assuntos internos da Venezuela", disse.

Além disso, Jaua assinalou que, entre as denúncias, também se incluem "as ameaças permanentes de aplicar sanções ou legislar sobre a Venezuela à margem de qualquer consideração do direito internacional".

Jaua apontou que seu país, "como nação livre e independente", não reconhece no governo dos Estados Unidos e nem em seu Parlamento "nenhuma autoridade extraterritorial para legislar contra a Venezuela ou sobre a Venezuela".

De acordo com o chanceler venezuelano, "também não está no marco do direito internacional o tema das sanções unilaterais de cada um dos países" e que "há uns princípios básicos do sistema das Nações Unidas que têm que ser respeitados".

Neste aspecto, o chanceler lembrou que, em junho de 2013, após o encontro que teve com Kerry na Guatemala, ambos concordaram que os dois se comunicariam "diretamente" diante do surgimento de diferenças entre os países, fato que, segundo Jaua, não foi respeitado.

Ao abordar a possibilidade dos Estados Unidos decidirem suspender as contas dos venezuelanos no país como parte das sanções, Jaua assegurou que os funcionários do governo da Venezuela não têm "nada a temer".

No início do mês, o Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei bipartidário para impor sanções contra alguns funcionários venezuelanos, medida que, por ser o primeiro passo do processo legislativo, ainda deve ser ratificada pelo Senado.

Maduro disse que, em caso de sanções americanas, seu país responderá "com firmeza" e não deixará ser intimidado.

A possibilidade dos Estados Unidos sancionar a Venezuela está relacionada aos protestos antigovernamentais que se desenvolveram no país há mais de três meses e que, até o momento, deixaram mais de 40 mortos e centenas de feridos.

Venezuela e Estados Unidos estão em um de seus momentos diplomáticos mais baixos, sem embaixadores e com contínuos conflitos que se traduziram, entre outros aspectos, na expulsão de oito diplomatas americanos acusados de suposta interferência por parte de Caracas, enquanto Washington respondeu de maneira similar.

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