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Taha Yassin Ramadan, que foi vice-presidente do Iraque durante o regime de Saddam Hussein, foi enforcado na madrugada de terça-feira, quando se completa o quarto aniversário da invasão norte-americana.

É o terceiro ex-assessor de Saddam a ser enforcado desde que o próprio ex-presidente foi executado, em dezembro após um julgamento por um tribunal iraquiano que tinha apoio dos EUA, mas sofria críticas de grupos de direitos humanos.

As execuções de nada serviram para conter a violência no Iraque, e muitos consideram que elas na verdade agravaram a violência sectária, que ameaça descambar para uma guerra civil.

Logo depois do enforcamento de Ramadan, um carro-bomba matou pelo menos cinco pessoas e feriu 17 perto de uma delegacia em Bagdá. Uma fonte policial disse que 30 corpos foram achados com marcas de tiros em diferentes partes da capital na segunda-feira.

Os atentados diários contribuem para a insatisfação dos norte-americanos com a guerra, mas o presidente George W. Bush fez na segunda-feira um alerta contra uma retirada precipitada.

"Pode ser tentador olhar para os desafios no Iraque e concluir que nossa melhor opção é empacotar as coisas e ir para casa. Isso pode ser satisfatório em curto prazo, mas acredito que as consequências para a segurança norte-americana seriam devastadoras", afirmou.

Bush anunciou em janeiro o envio de 21,5 mil soldados a mais para o Iraque, número que já passou a quase 30 mil com a adição do pessoal de apoio.

Pesquisa da CNN mostrou que o apoio nos EUA à guerra caiu para apenas 32 por cento, enquanto 63 por cento são contra ela. Outra pesquisa apontou que quatro em cada cinco iraquianos confia pouco ou nada nas forças estrangeiras, e a maioria considera que sua presença está piorando a segurança. Apesar disso, só um terço dos entrevistados quer a desocupação imediata.

A pesquisa, realizada pelos canais BBC, ABC News e ARD, junto com o jornal USA Today, também confirma as fortes divisões entre a maioria xiita e a minoria sunita, antes dominante.

Para 80 por cento dos xiitas, o enforcamento de Saddam foi realizado de forma adequada, idéia da qual 97 por cento dos sunitas discordam. Três em cada cinco xiitas disseram que a execução foi útil à reconciliação, enquanto 96 por cento dos sunitas acham que não ajudou.

"Após quatro anos, posso dizer que o país está perdido. Nunca esperamos que isso fosse acontecer. Esperávamos viver como em um país europeu, não deste jeito", disse o segurança Salih Abu Mehdi, 43, pai de seis filhos.

"Não acho que nenhum iraquiano pense no futuro, eles pararam de pensar no futuro. Só pensamos em como chegar ao fim do dia", afirmou ele, que recebe vários telefonemas diários da família, preocupada com sua segurança.

"Eu não era simpatizante de Saddam, mas como muitos iraquianos dizem agora, os dias de Saddam eram melhores, pelo menos as coisas eram mais seguras e calmas. O que vamos fazer com esta democracia agora?"

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