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Israel poderia matar o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, membro do Hamas, como parte de sua campanha de retaliação ao lançamento de foguetes do grupo islâmico na fronteira da Faixa de Gaza, disse nesta terça-feira o vice-ministro da Defesa israelense, Ephraim Sneh. Os ataques do Hamas são vistos por analistas como tentativa de incluir Israel no conflito palestino, travado contra o Fatah, com quem o grupo extremista disputa poder. A resposta israelense amenizou a crise, mas os palestinos afirmam que o confronto interno está longe do fim.

- Eu colocaria desta maneira: não há ninguém que está no círculo de comandantes e líderes do Hamas que seja imune a um ataque - o vice-ministro da Defesa disse à Rádio Israel, ao ser perguntado se Haniyeh estava na lista de alvos israelenses.

Sneh fez a ameaça um dia depois de uma israelense ser morta por um foguete na cidade de Sderot, sul de Israel. Atingida na segunda-feira, ela foi a primeira vítima fatal de um foguete palestino desde novembro.

- O que o Hamas político faz? Dá a aprovação operacional para quem está combatendo - afirmou o vice-ministro.

Ataques aéreos israelenses na última semana mataram até agora pelo menos 34 palestinos, disseram autoridades médicas de Gaza. Segundo o Exército israelense, cerca de 150 foguetes foram disparados de Gaza na atual onda de violência.

- Se os foguetes não pararem, não vamos parar - declarou a repórteres o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz.

Peretz disse que Israel está evitando, por enquanto, lançar uma operação ofensiva de larga escala em Gaza. Em encontro com Javier Solana, chefe da política externa da União Européia, o ministro pediu intervenção diplomática internacional imediata para evitar uma "anarquia em que a Autoridade Palestina entre em colapso total".

- É um teste para a diplomacia européia. É um teste para a diplomacia dos Estados Unidos. É um teste para a diplomacia do mundo livre - observou Peretz.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, planeja ir a Gaza ainda nesta terça-feira para conversar com líderes sobre a manutenção da ordem e da lei depois de semanas de combates entre sua facção, a Fatah, e o Hamas. Ele também conversará sobre a retomada da trégua com Israel, informou o chanceler Ziad Abu Amr.

Hamas acusa Israel de tentar ajudar o Fatah

Israel intensificou nesta segunda-feira os ataques aéreos à região, matando ao menos cinco pessoas. As facções palestinas só conseguiram retroceder de um conflito total após o início dos bombardeios israelenses a alvos do Hamas, na semana passada. Líderes do Hamas e da Fatah acertaram um novo cessar-fogo, no último sábado, mas os palestinos não parecem acreditar em resultados. Mais de 14 tréguas do tipo já foram assinadas e desrespeitadas nos últimos meses, e o clima de tensão continua arraigado em meio a acusações do Hamas de que a campanha israelense teve como objetivo ajudar o Fatah, além de impedir os militantes do grupo de dispararem foguetes contra o sul de Israel.

- Os ataques israelenses vão apenas adiar o combate interno. Mas não vão colocar fim nele. Enquanto houver tantas armas nas ruas, não será difícil que recomecem os conflitos entre os palestinos - disse Ziad Abu Ein, uma importante autoridade da Fatah.

A Fatah, ligada ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, exige há bastante tempo que a Força Executiva do Hamas seja desmobilizada. O objetivo é que os membros da força sejam integrados aos órgãos de segurança da Autoridade Palestina, controlados pela Fatah. Mas o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh (um líder do Hamas), e outros dirigentes do grupo militante rejeitaram as exigências para desmobilizar a Força Executiva, considerada como contrapeso para as forças de segurança existentes atualmente.

- Apesar dos ataques sionistas, o conflito não terminou. E não terminará porque a Fatah pretende destruir a Força Executiva - afirmou o porta-voz da Força Executiva do Hamas, Islam Shahwan.

Enquanto os moradores da Faixa de Gaza enterravam as pessoas mortas nos ataques de Israel (34 até agora), membros do Hamas e da Fatah trocavam acusações sobre quem havia dado início à última onda de enfrentamentos internos, na qual morreram cerca de 50 pessoas.

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