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O vice-primeiro-ministro israelense e ministro de Inteligência e Energia Atômica, Dan Meridor, disse nesta segunda-feira (24) que o pedido que os palestinos devem apresentar à ONU para terem seu Estado reconhecido não terá nenhum efeito prático e que deveriam negociar com Israel. "Os palestinos necessitam de um Estado e não de uma declaração da ONU", afirmou Meridor, e pediu ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, que retorne à mesa de negociações. "Vamos ver o que vai dizer, mas se o que quer é um Estado o que deve fazer é negociar conosco o fim do conflito (...) e isso não se resolve na ONU", acrescentou.

Em um encontro com jornalistas estrangeiros em Jerusalém, o vice-primeiro-ministro israelense se mostrou convencido de que "a situação atual não se manterá por muito tempo" e lamentou que "se eles (os palestinos) não vêm, não teremos com quem negociar". Abbas se dirigirá à Assembleia Geral da ONU na próxima quinta-feira com um pedido de reconhecimento da Palestina como "Estado não membro".

Para Meridor, essa não é a opção "preferida" por israelenses nem por palestinos, mas disse que vai esperar o discurso antes de apresentar alguma reação. Também se mostrou cauteloso quanto a uma possível aplicação de sanções econômicas por parte de Israel aos palestinos, porque "Israel tem interesse em que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) continue funcionando", considerou.

Nesse sentido, o vice-primeiro-ministro israelense classificou o pedido à ONU como "propaganda" quando o necessário é uma "liderança" que só pode ser mostrada com "decisões". "O pedido não mudará nada no terreno para o palestino de Nablus", sustentou.

No ano passado, os palestinos apresentaram outro pedido para serem admitidos como Estado membro. A solicitação foi bloqueada pela ameaça de veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança.

Desta vez o pedido não precisa passar pelo Conselho de Segurança e contará com o respaldo majoritário da Assembleia, que não deve votar a proposta antes das eleições americanas no início de novembro.

A última vez que israelenses e palestinos negociaram foi em setembro de 2010, num processo abandonado por Abbas quando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se negou a prorrogar a moratória à construção nos territórios ocupados.

Pertencente à ala moderada do atual governo israelense, Meridor reconheceu hoje que a política de paz de Israel e a de colonização dos territórios ocupados não são coerentes, e que a construção deveria ser restrita unicamente aos três grandes blocos que Israel tem intenções de anexar em um eventual acordo de paz.

"Há três anos venho dizendo que devemos construir unicamente nesses blocos e nada mais. Mas é minha opinião, não a do governo", afirmou. Também descartou a possibilidade de uma retirada unilateral israelense de partes da Cisjordânia, proposta hoje pelo ministro da Defesa, Ehud Barak, em declarações a um jornal governista.

"Com base na experiência em Gaza não haverá nenhuma retirada de Israel da Judéia e Samaria (nomes bíblicos da Cisjordânia)", garantiu Meridor sobre uma proposta da qual a imensa maioria dos membros do Executivo israelense se opõem.

Israel deixou Gaza em 2005, retirando dela mais de 8 mil colonos, em uma decisão unilateral criticada pelos altos comandantes da época e pela direita nacionalista, que advertiram que o islamismo radical se apoderaria da faixa. Dois anos depois, o movimento islamita Hamas recorreu às armas contra a autoridade de Abbas e passou a governar o território.

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