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Assista à reportagem em vídeo| Foto: TV Globo

Kiev – Mais de dois mil soldados das tropas do Ministério do Interior se dirigiram ontem a Kiev para garantir a ordem pública na capital, em meio à crise entre o presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, o governo e o Parlamento. O vice-ministro do Interior ucraniano, Mikhail Kornienko, confirmou que 2.050 soldados e reservistas tinham sido enviados à capital do país, segundo a agência nacional "Unian".

A chefe de Relações Públicas do comando das tropas, Svetlana Pavloskaya, acrescentou que os reservistas são da região de Donetsk, no leste da Ucrânia. O local é reduto do primeiro-ministro ucraniano, Viktor Yanukovich. "É uma prática habitual mobilizar os reservistas para garantir a ordem pública", disse.

Yushchenko iniciou ontem diálogos com Yanukovich e o chefe do Parlamento, Alexandr Moroz, na sede da secretaria da Presidência, com o objetivo de encontrar uma saída para a crise. Fontes da Presidência afirmaram que, na reunião, os políticos conversariam sobre a data das eleições parlamentares antecipadas, o que, segundo analistas, é a única forma de resolver o caos político no país.

O ministro do Interior ucraniano, Vasyl Tsushko, admitiu que perdeu o controle das tropas. De acordo com ele, os soldados estão atuando "segundo sua própria lógica". "É preciso se acalmar, não vai ocorrer nada de violento. Não haverá nenhum choque. Há quem queira um derramamento de sangue, mas faremos todo o possível para que (isso) não ocorra", disse.

A decisão de enviar efetivos a Kiev foi tomada pelo comandante-em-chefe das tropas do Interior, general Alexandr Kikhtenko, que ignorou as ordens dadas pelo titular da pasta. Tsushko tinha se negado, na sexta-feira, a acatar o decreto presidencial pelo qual Yushchenko tomava o comando direto das tropas do Interior. No mesmo dia, o presidente ordenou a Kikhtenko que garantisse a segurança dos edifícios públicos, depois que o procurador-geral, Sviatoslav Piskun, revoltou-se contra sua destituição e se abrigou na sede da Procuradoria-Geral no centro de Kiev.

Ontem, Piskun ameaçou ordenar a detenção do comandante-em-chefe das tropas do Ministério do Interior. Essas são leais a Yushchenko e estão dispostas a cumprir qualquer ordem do chefe do Estado, inclusive operações antiterroristas, "para garantir a tranqüilidade, a ordem e a concórdia em Kiev", disse Victor Bondar, porta-voz adjunto da Presidência.

Ao mesmo tempo em que assumia o controle direto de todos os efetivos das estruturas de segurança ucranianas, Yushchenko descartou uma "solução de força" para a grave crise no país. A Rada Suprema (Legislativo) adotou, na sexta-feira, uma disposição legal pela qual revogou os decretos de Yushchenko, enquanto o governo ordenou ao ministro do Interior que impedisse a mobilização das tropas sem seu consentimento. Tanto o alto representante para a Política Externa e de Segurança Comum da União Européia, Javier Solana, como a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pediram aos grupos que evitem provocações e busquem uma saída política.

A atual crise começou em 2 de abril, quando Yushchenko dissolveu o Legislativo e convocou eleições antecipadas, decreto que causou a revolta do governo e do Parlamento.

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