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Opositores e defensores do ditador Mubarak entram em confronto nas proximidades da Praça Tahrir: capital egípcia vira cenário de guerra civil | Goran Tomasevic / Reuters
Opositores e defensores do ditador Mubarak entram em confronto nas proximidades da Praça Tahrir: capital egípcia vira cenário de guerra civil| Foto: Goran Tomasevic / Reuters

Ditador diz que não renuncia por "temer caos"

O ditador do Egito, Hosni Mubarak, disse ontem à rede de tevê norte-americana ABC que está "cansado" e que só não deixa o poder agora por temer que "o país afunde no caos’’ caso ele saia do poder no atual momento de profunda e violenta crise.

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Jornalistas brasileiros são detidos e expulsos

Enviados para o Egito para a cobertura da crise no país, o jornalista Corban Costa, da Rádio Nacional, e o repórter cinematográfico Gilvan Rocha, da TV Brasil, foram detidos, vendados e tiveram passaportes e equipamentos apreendidos.

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Itamaraty condena detenções

Em nota oficial o Itamaraty condenou a detenção dos jornalistas brasileiros Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, e pediu que as autoridades egípcias tomem medidas para garantir as liberdades civis e integridade física da população e dos estrangeiros no país.

"O governo brasileiro deplora os confrontos violentos associados aos últimos desdobramentos da crise no Egito, em particular os atos de hostilidade à imprensa", acrescenta o comunicado. A nota diz ainda que a Embaixada do Brasil no Cairo reiterou que "continuará prestando assistência aos brasileiros que se encontram no país".

Outro brasileiro agredido ontem foi Luiz Antônio Araújo, enviado especial do jornal gaúcho Zero Hora ao Cairo.

  • Veja que há dez dias, o Egito vive onda de manifestações

Cairo - Simpatizantes do ditador Hosni Mubarak espalharam pânico no centro do Cairo ontem e apertaram o cerco contra jornalistas estrangeiros, gerando temores de que um grande protesto oposicionista previsto para amanhã termine em mais sangue.

Com oito mortos, a madrugada de ontem foi a mais violenta desde o início do levante, há dez dias, contra Mubarak, que assumiu o poder no Egito em 1981.

Na escuridão, milhares de manifestantes pró e antigoverno protagonizaram cenas de guerra civil na praça Tahrir, epicentro da revolta, e arredores, incluindo a área do hotel Hilton que abrigava a Folha de S.Paulo e outros jornalistas estrangeiros. Barulho de explosões e disparos de armas de fogo ecoaram durante horas.

Os manifestantes antigoverno afirmam ter detido ao menos 120 pessoas carregando identidades da polícia ou do partido governista.

Em vez do confronto frontal de multidões ocorrido horas antes à luz do dia, os inimigos acabaram dispersados em pequenos grupos que se perseguiam uns aos outros num complexo de viadutos e terminais de ônibus situado na beira do rio Nilo.

A reportagem, que acompanhou a batalha desde a varanda do quarto, no sétimo andar do Hilton, viu vários casos de homens sozinhos encurralados e espancados. Não era possível identificar membros de cada facção.

Coquetéis molotov eram atirados a todo instante, produzindo clarões. Focos de incêndio se espalharam pelos arredores do hotel.

Gritos de "Allah Akbar’’ (Deus é o maior) se ouviam ocasionalmente. Às 4h30, um tanque solitário cruzou um viaduto a toda a velocidade, num aparente esforço – inócuo – para apartar ativistas.

O clima de calma e o silêncio que se instalaram ao amanhecer eram mera aparência. Militantes pró-Mubarak hostis a estrangeiros circulavam do lado da calçada do hotel para intimidar jornalistas.

A reportagem viu uma equipe da rede britânica BBC correndo de manifestantes, que acabaram alcançando os jornalistas a poucos metros do hotel. Máquinas fotográficas foram destruídas e os repórteres foram levados aos empurrões a um lugar desconhecido.

Dentro do saguão, funcionários confiscavam máquinas fotográficas e filmadoras e pressionavam todos a sair. Houve ao menos 15 ataques a repórteres só ontem, segundo a ONG britânica Comitê para a Proteção dos Jornalistas.

Também há relatos de que foram presos integrantes das ONGs Human Rights Watch e Anistia Internacional. A ONU decidiu tirar cerca de 600 funcionários do país.

Deliberadamente, o governo egípcio espalhou a imagem de que estrangeiros estão tirando vantagem da crise política do país e insuflam os manifestantes contrários ao governo.

A onda de protestos atinge também outras cidades do país. Em Alexandria, dezenas de milhares de pessoas saíram em passeata contra Mubarak.

Apesar do clima de violência e anarquia, manifestantes antigoverno mantêm planos de mais um megaprotesto hoje em Tahrir.

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