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Um país sob tensão

Sucre x La PazParte dos deputados na Assembléia Constituinte pressiona pela transferência plena da capital da Bolívia de La Paz para Sucre, que já abriga a sede do Poder Judiciário. A disputa interna levou à suspensão temporária da assembléia.

Tribunal ConstitucionalEm La Paz, legisladores governistas e de oposição entraram em conflito pela determinação do governo de processar por prevaricação (atraso ou não-cumprimento de dever por funcionário público devido a interesses pessoais) quatro dos cinco magistrados do Tribunal Constitucional, mais alta instância do Judiciário boliviano.

AutonomiaContinua na pauta a disputa entre os Departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando, lideradas por oposicionistas, e Evo Morales pela autonomia das regiões em relação ao governo central.

PRINCIPAIS MOVIMENTOS

MAS (Movimento ao Socialismo): O partido governista controla a Câmara dos deputados e tem pouco mais de 50% da Assembléia Constituinte. Segue a linha estabelecida pelo presidente, Evo Morales.

PODEMOS (Poder Democrático e Social): Liderado pelo ex-presidente Jorge "Tuto’’ Quiroga, a agremiação de direita é o maior partido de oposição no Congresso e na Assembléia Constituinte.

MOVIMENTOS SOCIAIS: Formam a principal base política do governo. Incluem sindicatos cocaleiros e mineiros, organizações camponesas do Altiplano e sem-terra das planícies baixas.

COMITÊS CÍVICOS: Controlados pela elite econômica, têm servido como espécie de movimento social da oposição a Morales.

UNIÃO JUVENIL CRUZENHISTA (UJC): A organização paramilitar de extrema direita do Departamento de Santa Cruz costuma usar uniformes de inspiração fascista e é acusada de fomentar atos de violência antigoverno na Bolívia.

OPOSIÇÃO DA "MEIA LUA’’: Sob a liderança do governador de Santa Cruz, Ruben Costa, a região geográfica conhecida como "meia-lua’’ é formada pelos Departamentos de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija, todos administrados pela oposição e onde o "sim’’ venceu o referendo sobre autonomia governamental. Os resultados totais no país foram contra a autonomia.

La Paz – A greve de 24 horas convocada em seis dos nove Departamentos da Bolívia "em defesa da democracia'' e contra o presidente, Evo Morales, começou na madrugada de ontem com episódios de violência e prisões, principalmente em Santa Cruz (leste) e Cochabamba (centro). A tevê local mostrou cenas de confrontos entre manifestantes e policiais, apedrejamento de veículos, saques e ataques a lojas.

Várias políticas de Morales estão na mira dos grevistas, com destaque para a decisão de processar quatro dos cinco magistrados do Tribunal Constitucional por prevaricação. A Associação dos Magistrados da Bolívia anunciou que fará outra greve amanhã e na sexta-feira "em defesa das instituições democráticas do país''.

Também são alvos de críticas a suposta influência da Venezuela na Bolívia e a oposição de Morales à transferência dos Poderes Executivo e Legislativo de La Paz para Sucre, que já abriga o Poder Judiciário.

A paralisação geral foi determinada pelos chamados comitês cívicos, que reúnem empresários e políticos oposicionistas, dos Departamentos de Santa Cruz, Chuquisaca, Tarija, Beni, Pando e Cochabamba.

A greve afetou principalmente as cidades de Cochabamba, Sucre, Tarija, Santa Cruz de la Sierra, Trinidad e Cobija. A estimativa é que dois terços dos quase 10 milhões de bolivianos tenham sentido os efeitos da paralisação. Em Cobija, capital de Pando, a passagem para o Brasil foi bloqueada.

A Central Operária Boliviana foi contra a ação, e o Ministério do Trabalho disse que a greve é ilegal e que faltosos terão descontos nos salários.

Violência

A TV local mostrou ontem imagens de membros da União Juvenil Cruzenhista (UJC), movimento de extrema-direita de Santa Cruz, destruindo lojas e ônibus e atacando mercados que tentavam burlar a greve. A violência ocorreu principalmente na cidade de Santa Cruz de la Sierra, onde duas pessoas ficaram gravemente feridas e dois radicais foram presos.

O ministro do Interior boliviano, Alfredo Rada, afirmou ao canal ATB que as cenas de violência mostram "a prática absurda de obrigar todo mundo a acatar uma medida que não é consenso''. Segundo Rada, em Cochabamba, onde a repressão policial foi mais forte, três pessoas foram presas por tentativas de forçar adesão à greve.

A manifestação foi marcada também por slogans anti-Venezuela. "Viva a democracia, morra Evo, morra Chávez'', gritavam os grevistas, em alusão ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. Na segunda-feira, a oposição acusou Morales de ser controlado pela Venezuela.

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