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A Casa Branca afirmou nesta sexta-feira que os ataques com carros-bomba ocorridos na quinta-feira em Bagdá, que mataram 202 pessoas, e os ataques retaliatórios posteriores têm o objetivo de desestabilizar o governo iraquiano.

- Esses atos cruéis de violência são deploráveis. É uma afronta que esses terroristas estejam mirando em inocentes num esforço para derrubar um governo democraticamente eleito. Esses assassinos não terão sucesso - disse o porta-voz Scott Stanzel.

A Casa Branca ainda classificou os atentados ao reduto xiita da capital - o ato mais letal desde a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em 2003 - de "absurdo", reforçando o compromisso do governo americano de "ajudar o povo iraquiano".

- Nós condenamos esses atos absurdos de violência que estão claramente direcionados a minar as esperanças do povo iraquiano para um Iraque pacífico e estável - afirmou Scott Stanzel.

Na semana que vem, Bush vai a Amã, na Jordânia, para se reunir com o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, e discutir meios de levar estabilidade ao país. No entanto, o bloco xiita liderado pelo clérigo radical Moqtada Al-Sadr já ameaçou deixar o governo caso o encontro aconteça.

Nesta sexta-feira, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, pediu calma e prudência no Iraque .

Homens armados invadiram nesta sexta-feira um enclave sunita que fica dentro de uma área de maioria xiita em Bagdá, matando até 30 pessoas e incendiando mesquitas e casas, afirmou a polícia.

Moradores de Hurriya, no noroeste de Bagdá, também falaram em pelo menos 20 mortos, muitos deles fiéis que estavam dentro de mesquitas atingidas por granadas lançadas por foguetes.

Os ataques foram aparentemente uma represália às explosões em Sadr City, um reduto xiita que fica no leste de Bagdá e que concentra o Exército Mehdi, liderado por Moqtada al-Sadr.

Testemunhas do horror

O professor universitário Imad al-Din al-Hashemi, que estava visitando Bagdá, contou que estava na mesquita Nida Allah quando ela foi atingida durante as orações de sexta-feira, deixando 14 mortos.

- Sofri ataques com granadas e muita gente morreu e ficou ferida. Quando os homens passaram para outra mesquita, retiramos os feridos - disse ele.

O professor afirmou que cerca de dez pessoas morreram na mesquita Ahbab Mustafa, perto dali. Casas foram incendiadas, e pelo menos duas crianças morreram. Uma mulher também morreu vítima de intoxicação.

- Fui ajudar em uma das casas que foi atacada. Duas mulheres e um homem estavam feridos. Levei as mulheres, mas quando voltei para buscar o homem ele tinha levado um tiro na cabeça e estava morto - afirmou ele.

Um funcionário público que não quis se identificar contou que viu homens atacando uma mesquita:

- Ouvimos explosões e saímos para a rua. Vi homens lançarem foguetes contra a mesquita al-Muheiman. Outros estavam atirando com metralhadoras. Do telhado da minha casa vi mais de dez casas em chamas.

Depois da carnificina de quinta-feira, as autoridades iraquianas estabeleceram um toque de recolher por tempo indefinido na capital, na tentativa de evitar retaliações. O temor é que o país mergulhe numa guerra civil.

A violência com motivos sectários cresceu depois do ataque à Mesquita Dourada de Samarra, um templo xiita sagrado, em fevereiro deste ano.

Em outro incidente, um helicóptero americano atirou contra um funeral em Bagdá, um dos vários que aconteceram após os bombardeios de quinta-feira, em resposta ao ritual de tiros no velório, disse o ministério do Interior iraquiano. Duas pessoas ficaram feridas.

Em Tal Afar (norte do Iraque), 22 pessoas foram mortas num duplo atentado suicida num mercado. Um terrorista explodiu um carro e outro cometeu suicídio com explosivos nas roupas, segundo autoridades de Mosul, capital da região.

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