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Radicais islâmicos do norte da Nigéria incendiaram uma delegacia, uma igreja e um posto de alfândega em uma revolta durante a qual pelo menos 80 pessoas foram mortas no fim de semana, informaram policiais locais e moradores da região nesta segunda-feira (27). Os islamitas estenderam a violência nesta segunda para mais três cidades no norte da Nigéria, com ataques a delegacias, informaram a polícia e testemunhas locais. O norte da Nigéria é predominantemente islâmico. Desde 1999, quando 12 dos 36 estados da Nigéria adotaram a Sharia, ou lei islâmica, após o fim do governo militar, o país tem sido convulsionado por ondas de violência religiosa.

"Cinco policiais foram mortos, uma delegacia foi incendiada e 60 talebans morreram", disse a jornalistas o inspetor-geral da polícia nigeriana, Ogbonna Onovo, comparando os radicais islâmicos à milícia fundamentalista ativa no Afeganistão e no Paquistão.

Em entrevista coletiva concedida em Abuja, a capital nigeriana, Onovo disse que as 65 mortes ocorreram em confrontos ocorridos no decorrer do fim de semana nos Estados de Bauchi, Borno e Yobe, no norte do país.

Somente em Bauchi 39 pessoas morreram em uma troca de tiros entre policiais e milicianos depois de uma tentativa frustrada de ataque a uma delegacia na madrugada de domingo.

De domingo para esta segunda, novos confrontos ocorreram em Gamboru-Ngala, uma cidade do Estado nigeriano de Borno, na fronteira com Camarões, e em outras duas cidades.

Shafiu Mohammed, um morador de Gamboru-Ngala, disse que um grupo ligado à seita religiosa conhecida como "Taleban nigeriano" invadiu a cidade por volta da meia-noite e promoveu ações incendiárias. Segundo ele, os militantes incendiaram um posto de alfândega e cortaram a garganta de um funcionário.

O "Taleban nigeriano" surgiu em 2004, quando estabeleceu uma base em Kanamma, no Estado Yobe, fronteira com Níger. Dali, o grupo passou a promover ataques contra a polícia. Acredita-se que a maior parte dos integrantes dessa milícia seja composta por estudantes universitários que abandonaram os estudos.

A maior parte da população do norte da Nigéria é muçulmana, mas há redutos cristãos nas principais cidades da região, o que causa tensão entre os dois grupos religiosos.

Um jornal local no norte da Nigéria, o Daily Trust, citou o líder da seita do "Taleban nigeriano", Ustaz Mohammed Yusuf, dizendo que seus seguidores estão prontos para morrer na luta para estabelecer uma sociedade estritamente islâmica.

"A democracia e o atual sistema educacional precisam ser mudados, do contrário esta guerra que ainda está para começar irá durar muito", ele disse.

Onovo disse que a polícia irá prender todos os líderes do "Taleban nigeriano".

"Essa é uma organização de fanáticos que é contra o governo e contra o povo. Não sabemos ainda qual é a intenção dela, mas vamos identificar e prender seus líderes e destruir seus esconderijos", ele disse.

Adoção da sharia

Um dirigente do grupo rebelde Boko Haram, contrário à educação ocidental e que exige a adoção da sharia em toda a Nigéria, ameaçou realizar novos ataques.

"Não acreditamos na educação ocidental. Ela corrompe nossas ideias e crenças. Por isso estamos nos erguendo para defender a nossa religião", disse Abdulmuni Ibrahim Mohammed à Reuters depois de ser detido no Estado de Kano. "Mesmo que eu seja preso, há outros aí para fazer o trabalho."

O país mais populoso da África está dividido em partes praticamente iguais entre cristãos e muçulmanos. Mais de 200 grupos étnicos convivem nesse país, em geral pacificamente, embora uma guerra civil tenha deixado 1 milhão de mortos entre 1967 e 1970. Há surtos de violência religiosa desde então.

Com informações da Associated Press e da Dow Jones.

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