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O premier japonês, Junichiro Koizumi, visitou nesta terça-feira o templo Yasukuni para as vítimas da guerra, em Tóquio, no aniversário da rendição de seu país na Segunda Guerra Mundial.

A decisão do líder japonês, que deixará o poder em setembro, provocou protestos irritados de Pequim e Seul. A China parece acreditar que o seu provável sucessor no governo do Japão, o secretário do gabinete Shinzo Abe, ajudaria a reparar as relações diplomáticas estremecidas.

Na terça-feira, Abe, de 51 anos - conservador no que diz respeito à segurança e que já visitou o templo Yasukuni no passado -, fez um chamado pelo diálogo, mas se negou a dizer se voltaria ao local da polêmica caso vire primeiro-ministro.

O templo xintoísta homenageia os líderes japoneses da Segunda Guerra, condenados como criminosos de guerra, assim como 2,5 milhões de pessoas que morreram no conflito. O local é visto como um símbolo do passado militarista japonês nos dois países vizinhos asiáticos, que sofreram na pele com a agressão nipônica.

Koizumi, com uma expressão solene e caminhando atrás de um líder xintoísta com vestes tradicionais, se curvou antes de entrar no templo, sob forte chuva.

É a primeira peregrinação ao local de um primeiro-ministro japonês no aniversário de 15 de agosto desde que Yasuhiro Nakasone esteve lá em 1985, dando início a uma onda de protestos na China.

As relações de Tóquio com Pequim e Seul já estão num de seus níveis mais baixos em décadas, em parte em razão das peregrinações anuais de Koizumi.

Na terça-feira, a China disse que as visitas dele ao templo estavam "corroendo as bases das relações entre a China e o Japão" e chamaram de volta seu embaixador no Japão, de forma a marcar o protesto.

Dezenas de manifestantes foram à frente da embaixada japonesa em Pequim, mas não havia sinais dos enormes e por vezes violentos protestos de rua que ocorreram em cidades chinesas no ano passado.

A Coréia do Sul, que nesta terça-feira comemorou o aniversário de sua libertação do poder colonial japonês, também criticou duramente o governo do país vizinho.

- A visita do primeiro-ministro japonês ao templo Yasukuni é um total desrespeito ao governo e ao povo coreano - declarou o chanceler sul-coreano Ban Ki-moon na capital da Austrália, Camberra.

Cerca de 2.000 pessoas se aglomeraram em frente à embaixada japonesa em Seul, onde os manifestantes decapitaram uma efígie de Koizumi.

Especialistas dizem que Washington também se preocupa com a deterioração das relações do Japão com a China e a Coréia do Sul. Após a polêmica visita, Koizumi e o imperador Akihito - filho do falecido imperador Hirohito, em cujo nome a guerra foi travada - participaram de uma cerimônia em homenagem aos japoneses mortos na guerra.

- Nosso país infligiu grandes perdas e sofrimento aos povos de muitos países, especialmente dos países asiáticos. Em nome do povo japonês, gostaria de expressar profundo remorso e prestar humildemente condolências às vítimas - disse Koizumi.

O premier japonês defendeu sua decisão de ir ao templo Yasukuni nesta data simbólica e criticou Pequim e Seul por se recusarem a fazer encontros de cúpula bilaterais em razão da polêmica sobre o santuário.

- Não vou para justificar a guerra passada ou glorificar o militarismo. Vou com o sentimento de que não devemos ir à guerra de novo e que não devemos esquecer o sacrifício daqueles que foram à guerra e morreram - comentou.

Os críticos argumentam que as visitas de Koizumi refletem as dificuldades do Japão de encarar o seu passado militarista, incluindo as atrocidades cometidas na Ásia.

Koizumi, de 64 anos, visitou o templo todos os anos desde que tomou posse, em 2001, mas nunca antes o havia feito no dia 15 de agosto, apesar de uma promessa de campanha de que faria isso.

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