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Justiça livra o ETA e condena terroristas a 40 mil anos pelo 11 de Março

A justiça espanhola condenou nesta quarta-feira (31) a quase 40.000 anos de prisão três dos oito principais acusados dos atentados islamitas de 11 de março de 2004 em Madri, que deixaram 191 mortos e feriram 1.841 pessoas e foram reivindicados pela al-Qaeda. Os ataques ainda causaram dois abortos.

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Revoltados, sobreviventes e parentes dos mortos nos ataques a bomba contra os trens de Madri em março de 2004 perguntavam por que ninguém foi condenado como mentor intelectual da ação, e consideraram as penas de leves demais.

Isabel Presa, que perdeu o filho mais novo em uma das explosões de 11 de março de 2004, tremia enquanto falava com os jornalistas. "Não sou juíza nem advogada, mas isso é uma vergonha", disse ela, em lágrimas.

Os juízes consideraram 21 pessoas, a maioria marroquinos, mas também espanhóis, culpadas pelo envolvimento nos ataques, que mataram 191 pessoas.

Três dos réus foram condenados a milhares de anos de prisão. Rabei Osman Sayed Ahmed, ou "Mohamed, o Egípcio", acusado de ser um dos mentores dos ataques, foi absolvido pelos juízes, que também consideraram dois outros réus inocentes de tramar a ação.

As penas foram, na maioria dos casos, menores que as pedidas pela promotoria.

"Aquilo destruiu minha vida, condenou a mim e a meu marido a uma pena perpétua, e essas pessoas saem incólumes, algumas já nas ruas, e outras presas por 12 anos", disse Presa. "Esperei três anos, e para quê?"

Acredita-se que alguns dos mentores tenham fugido do país. Outros dois supostos líderes estavam entre os sete homens que se explodiram num apartamento de Madri três semanas após os ataques, para não serem pegos pela polícia. Grupos de vítimas disseram que vão recorrer.

"Estamos muito surpresos com a absolvição. Se não foram eles, temos que achar quem foi. Alguém deu a ordem", disse José María de Pablos, representante de uma associação das vítimas.

O advogado de Ahmed disse que a justiça foi feita. "Ele foi condenado pela sociedade e pela mídia, mas um juiz decidiu que ele é inocente -isso não é uma boa notícia só para mim como advogado dele, mas também é para a sociedade espanhola como um todo", disse Endika Zulueta.

O comboio com os réus deixou o complexo do tribunal sob gritos e vaias de observadores e famílias das vítimas.

Clara Escribano estava indo para o trabalho, no Hospital 12 de Outubro, quando uma bomba explodiu no trem em que estava. Ela sofreu três cirurgias em consequência da explosão, que a deixou surda de um ouvido.

"Não estou feliz. Estou revoltada. Não posso trabalhar no mesmo lugar por causa do trauma emocional. Vamos recorrer", disse ela, que tem 49 anos.

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