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Três pessoas morreram, nesta segunda-feira, em Istambul, ao tentar fugir de um ônibus incendiado por manifestantes, o que eleva para 15 o número de mortos em incidentes políticos em menos de uma semana. Os protestos começaram no funeral de 14 militantes do proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistao (PKK), mortos em confrontos com as forças de segurança.

Essa foi uma das semanas mais violentas na Turquia desde que o PKK pegou em armas contra o governo turco, em 1984, numa insurgência que já matou mais de 30 mil pessoas. Analistas e diplomatas dizem que a violência reflete a irritação dos curdos com o desemprego, a pobreza e a falta de autonomia na sua região, no sudeste da Turquia.

Os manifestantes atiraram coquetéis molotov em um ônibus na noite de domingo, e o governador de Istambul disse que três pessoas morreram, aparentemente pisoteadas dentro do veículo, quando tentavam fugir. A agência de notícias Anatolian disse que as vítimas são duas irmãs gêmeas adolescentes e uma mulher de 62 anos.

No bairro Gazi, que reúne uma considerável população curda em Istambul, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 150 jovens que haviam montado barricadas, atiravam pedras e queimavam contêineres de lixo, segundo a CNN turca.

"Molotovs nas mochilas, o massacre a caminho" foi a manchete do Hurriyet, embaixo de uma foto que mostrava jovens mascarados atirando uma bomba caseira.

Os EUA condenaram a violência do PKK e pediram moderação.

Em Diyarbakir, capital da região curda da Turquia, o governo local disse que três pessoas morreram nos hospitais, elevando a nove o total de vítimas fatais dos confrontos. Duas pessoas haviam morrido em Kiziltepe, perto da fronteira com a Síria, e uma na cidade de Batman.

Mas a violência prossegue pelo sétimo dia no sudeste da Turquia. Em Viransehir, perto da fronteira com a Síria, a polícia usou bombas de gás e jatos d'água para dispersar cerca de 500 manifestantes que gritavam palavras de apoio ao líder preso do PKK, Abdullah Ocalan, e agitavam bandeiras do grupo.

A polícia fez disparos para o alto e a multidão se dispersou, atirando pedras e bombas incendiárias contra as forças de segurança e contra prédios. Algumas vidraças foram quebradas. A TV mostrou um homem de terno, identificado como um agente governamental local, disparando contra manifestantes em Viransehir. Um policial ficou ferido no confronto.

Na província de Agri, perto da fronteira com o Irã, cerca de mil manifestantes atiraram pedras nos escritórios do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, governista) e enfrentaram a polícia, que reagiu lançando gás lacrimogêneo.

O governo prometeu na segunda-feira prender os respons veis pelos protestos. Cerca de 360 pessoas ficaram feridas nos incidentes, sendo 199 agentes das forças de segurança. Das 566 pessoas detidas, 354 aguardarão o julgamento presas.

O governo turco, a exemplo da União Européia e dos Estados Unidos, considera o PKK uma organização terrorista, responsável por milhares de mortes desde o início da sua campanha separatista, em 1984. Mas muitos curdos simpatizam com o PKK. O principal grupo político dessa etnia no país, o Partido da Sociedade Democrática, disse que o governo não respondeu a suas propostas de um diálogo sobre a violência.

- Queríamos conversar com o primeiro-ministro Tayyip Erdogan, mas isso foi rejeitado. Há uma falta de diálogo - disse o presidente do partido, Hasip Kaplan, em visita a Diyarbakir.

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