Parentes das vítimas do ditador Josef Stalin se reuniram diante de um novo memorial perto de Moscou na quarta-feira, ao lado de um estande de tiro que se tornou um dos locais mais notórios das matanças da era da repressão soviética.
Um novo crucifixo de madeira de 12 metros construído na ilha de Bolshoi Solovetsky, perto do círculo ártico, e que fazia parte do gulag soviético, foi abençoado numa missa russa ortodoxa realizada no 70o aniversário do início dos assassinatos no local.
Parentes choraram e deixaram flores no local, enquanto recordavam as mortes de seus entes queridos.
Os registros do local mostram que pelo menos 20.760 pessoas foram mortas e enterradas em valas comuns no estande de tiro de Butovo entre 1937 e 1939. Muitos dos mortos eram padres.
No primeiro dia da matança, 8 de agosto de 1937, 91 pessoas foram fuziladas. As mortes diárias chegaram ao auge em 28 de fevereiro de 1938, quando houve 562 fuzilamentos.
Em toda a Rússia, milhões de outras pessoas morreram nos expurgos de Stalin, a maioria delas em prisões ou nos campos de trabalhos forçados, conhecidos como gulags, espalhados pela União soviética.
Durante a missa, realizada ao ar livre, sob sol forte, parentes choraram e contaram sobre sua busca por informações sobre seus pais ou avós.
Alguns seguravam fotos de seus entes queridos e contaram como vasculharam arquivos da polícia secreta em busca de informações.
Anton Antonov-Ovsyenko, hoje com 87 anos e cego, foi preso três vezes, sendo a última em 1943, mas foi à cerimônia para homenagear seu pai, assassinado em Butovo.
Historiador e diretor de um museu do gulag, ele descobriu detalhes sobre seu pai em arquivos da polícia secreta que foram parcialmente abertos após a queda da União Soviética.
Mas ele reclamou que a Rússia ainda não fez as pazes com seu passado.
"Sinto pena, porque visitei o lugar onde nosso serviço secreto matou muitos oficiais poloneses em 1940, em Katyn. Hoje existem muitos memoriais ali", disse ele, contrastando essa situação com o fato de a Rússia não ter identificado todas as vítimas do terror.
"Ali não existe pessoa assassinada sem nome. Eles conhecem todos os que foram mortos ali. Na Rússia, temos muitas vítimas que ainda são anônimas, mas os poloneses nutrem grande respeito por esses heróis."
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