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Só de aparecer energizado, gaguejando e hesitando menos e partindo para a ofensiva contra Mitt Romney mais diretamente, o presidente Obama garantiu a si próprio um espetáculo melhor do que o desastre que sofreu em Denver há duas semanas. Mas a vitória apertada que ele ganhou no segundo debate presidencial também se deve ao desempenho de Romney, que, apesar de por vezes ter sido altamente eficaz, também revelou mais de suas falhas, tanto como debatedor quanto como candidato.

A primeira falha foi estilística. Romney é muito habilidoso com os duelos no palco, mas tem pontos fracos, e os veteranos da longa novela das eleições primárias do Partido Republicano se lembram deles particularmente bem. Uma de suas tendências é discutir sem necessidade com o moderador e seus oponentes sobre as regras do debate. Outra é o hábito de exagerar na ostentação de suas vantagens.

Já quanto ao conteúdo, a vagueza calculada da plataforma de políticas domésticas de Romney criou mais problemas para ele agora do em Denver. Há duas semanas, Obama parecia ter sido tomado de surpresa quando Romney simplesmente revelou não debater igual àquela caricatura de extrema direita das propagandas de campanha da Casa Branca. Desta vez o presidente estava mais preparado para as defesas de tendência centrista de seu rival, e mais adepto a apontar os buracos nelas.

Nos pontos onde Romney de fato tinha uma proposta mais detalhada, como é o caso da questão da imigração, suas réplicas foram mais sólidas e também mais convincentes, e ele ganhou diversas discussões só mudando o foco da conversa para o desempenho econômico do país sob o governo Obama (ele também teve de lidar com o que o comentarista Jonathan Chait descreveu, com razão, como uma rodada de "questões amigáveis partindo de uma plateia com uma óbvia inclinação para a esquerda"). E o presidente também não se saiu muito melhor desta vez ao responder a questão que assombra sua candidatura: Por que o seu segundo mandato seria diferente do primeiro?

De fato, se o debate tivesse se concentrado só na economia, Romney poderia ter saído dessa mais avariado do que da última vez, mas ainda assim vitorioso. Mas houve também um momento de discussão sobre relações internacionais, e foi lá que Romney demonstrou sua verdadeira fraqueza, transformando o que deveria ser uma enorme oportunidade para ganhar pontos, com a polêmica da Líbia, num horrível fiasco.

Para Obama e seus apoiadores, a esperança deverá ser que o surto de apoio a Romney depois de Denver seja mesmo só um surto: Uma oscilação temporária que poderia ser controlada e revertida simplesmente reafirmando a narrativa da Casa Branca – que Romney é um plutocrata sem contato com a população e um extremista ideológico, enquanto Obama é o campeão da classe média – de maneira mais eficaz e eloquente do que o presidente o fez no primeiro debate.

A questão agora é se esse tipo de asserção direta é tudo que Obama precisa, ou se a disposição do público em reconsiderar Romney como candidato, depois do debate de Denver, mudou a dinâmica da corrida eleitoral de modo que uma única vitória difícil em debate não poderá reverter direito. Isso é algo que nenhuma pesquisa pode nos dizer. A prova acontecerá nas urnas daqui a uma semana.

Tradução: Adriano Scandolara.

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