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Protesto em frente do Parlamento greco contra a aprovação do plano de austeridade, que inclui privatizações e demissões de servidores | Yiorgos Karahalis/Reuters
Protesto em frente do Parlamento greco contra a aprovação do plano de austeridade, que inclui privatizações e demissões de servidores| Foto: Yiorgos Karahalis/Reuters

Opinião

Grande ilusão grega

Roger Cohen, colunista do jornal The New York Times

A Grécia há muito tem uma influência emocional sobre a Europa. Toda a conversa sobre ser berço da civilização ocidental lhe conferia alguma conivência, e até mesmo indulgência. A União Europeia não estava pronta para partir para o mano a mano com a terra natal da democracia.

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Apesar de mais greves e da gritaria d e cerca de 20 mil manifestantes no centro de Atenas, o governo grego conseguiu ontem vencer um voto de confiança no Parla­mento. Com isso, afasta por ora o risco de eleições antecipadas no país, que enfrenta uma grave crise econômica e está à beira do calote.

Dos 298 parlamentares, 155 disseram sim ao governo. É exatamente o número de cadeiras do Partido Socialista, que governa a Grécia. Mas a votação nem de longe acaba com os problemas gregos. Analistas entendem que o primeiro-ministro, George Papandreou, saiu vitorioso porque nem a oposição quer eleições agora.

O grande desafio do governo será na próxima terça-feira, quando o mesmo Parlamento terá de votar mais um pacote de austeridade, que inclui demissão de funcionários públicos, corte de aposentadorias e de outros benefícios e privatização de quase todas as empresas públicas e instalações como aeroportos e portos. Tudo para o país tentar pagar suas dívidas.

Exigência

A aprovação desse pacote é um pré-requisito para que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) liberem uma parcela de 12 bilhões de euros (R$ 27 bilhões) do empréstimo de 110 bilhões de euros concedido em maio do ano passado.

Sem esse dinheiro, a Grécia não tem como pagar suas dívidas já no próximo mês. Teria de dar um calote, o que poderia provocar uma quebradeira de bancos gregos, franceses, alemães e britânicos, que são os que mais detêm títulos do governo.

A Grécia precisa de mais di­­nhei­­ro e já discute com a UE e o FMI um outro empréstimo, que pode chegar a 120 bilhões de euros (R$ 270 bilhões).

Com medo de protestos violentos, o centro de Atenas parecia ontem sitiado. Entre os manifestantes, o grito mais ouvido era "não queremos vender", slogan contra as privatizações.

Como o mercado esperava a vitória do governo, Bolsas europeias e nos EUA subiram.

Antes da votação de ontem, o ministro de Finanças, Evangelos Venizelos, defendeu a "necessidade" de se aprovar o plano de cortes nos gastos públicos – e as reformas econômicas a ele atreladas – antes de um encontro das autoridades da zona do euro em 3 de julho, de forma a garantir o repasse de 12 bilhões de euros.

No início desta semana, os ministros de Finanças da Europa deixaram claro que a Grécia não re­­­ceberá a próxima parcela do empréstimo assinado em maio de 2010 a não ser que o plano de austeridade fiscal e as reformas econômicas sejam aprovadas antes.

Os protestos devem aumentar nos próximos. As privatizações e de­­­­­­mis­­­­­­sões de servidores públicos, previstos no plano de cortes, são pontos que mais causam descontentamento.

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