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Jebaliya, Gaza – Fatma Omam An-Najar, uma viúva de 64 anos, tornou-se ontem a mais idosa mártir da causa palestina ao promover um ataque suicida contra soldados israelenses, no norte da Faixa de Gaza. Fatma era viúva, tinha 9 filhos e mais de 30 netos. Segundo sua filha Fatheya, ela se ofereceu para ser uma mulher-bomba depois de perder muitos parentes em confrontos com tropas de Israel.

Fatma controlava um pequeno grupo de militantes, a maioria no movimento islâmico Hamas, mas com alguns também na rival Fatah. Seu marido, que morreu um ano atrás, passou um tempo em celas israelenses, assim como cinco de seus filhos.

Um de seus vários netos morreu aos 17 anos em 2002, combatendo tropas de Israel durante uma incursão na vizinha Beit Lahiya, disseram parentes, e outro neto adolescente perdeu uma perna por um ferimento a tiro que sofreu ao tentar esfaquear um soldado israelense.

Samir, filho de Fatma que tem 36 anos, estima que ele e seus irmãos tenham dado a ela entre 35 e 38 netos. "Ela tinha um exército de netos", comentou.

Fatheya, filha mais velha de Fatma, afirmou que ela e a mãe participaram da concentração em uma mesquita de Gaza, três semanas atrás, quando mulheres desafiaram um cordão de soldados israelenses fortemente armados para distraí-los e permitir que militantes do Hamas escapassem.

"Buscávamos o martírio", conta. Uma veterana partidária do Hamas, ela abrigou militantes palestinos durante a primeira intifada (revolta palestina), de 1987 a 1993.

Logo depois, a atitude lhe custou a demolição da casa pelo Exército de Israel. Fatma e o marido passaram a viver num único cômodo de um complexo de casas onde morava toda a família An-Najar, com pouco mais que um colchão no chão.

Ação

Viúva e amargurada matriarca soltou sua ira amarrando explosivos ao corpo e se aproximando de soldados israelenses num campo de refugiados palestinos próximo. Os soldados já tinham sido advertidos sobre um possível ataque e jogaram uma granada de efeito moral enquanto ela se aproximava.

Estonteada, ele detonou os explosivos a uma distância maior dos soldados, morrendo e apenas ferindo levemente dois dos inimigos. Antes de sair para a missão suicida arquitetada pelo Hamas, ela gravou um vídeo-testamento, como é costume com homens-bomba.

Vestida de preto, com lenço branco na cabeça e um fuzil em seu ombro, ela leu uma texto dedicando o ataque ao governo do primeiro-ministro palestino Ismail Haniyeh, do Hamas, e ao comandante militar do movimento, Mohammed Deif. "Espero que Deus aceite isso", afirmou.

Parentes reunidos no complexo da família na noite de ontem diziam que o ataque em si foi uma surpresa, mas não o desejo de Fatma de morrer combatendo os israelenses. "Destruíram a casa dela, mataram seu neto, meu filho. Outro neto está numa cadeira de rodas com uma perna amputada", disse Fatheya.

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