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Um dia após ONG Human Rights Watch denunciar a execução de 53 supostos aliados do ditador líbio Muamar Kadafi num hotel de Sirte, voluntários limparam o local antes mesmo de que qualquer investigação fosse instaurada, informou o jornal americano "New York Times". Os voluntários, entretanto, deixaram algumas pistas no hotel Mahari, onde ainda era possível ver amarras de plástico, usadas para atar as mãos dos mortos, além de cápsulas de bala com manchas de sangue.

De acordo com os próprios voluntários, duas autoridades do regime de Kadafi estariam entre as vítimas do hotel em Sirte, além de partidários locais e possivelmente civis. Os principais suspeitos são membros das milícias anti-Kadafi que usaram o hotel como base nas últimas semanas. O massacre em Sirte, se comprovado, será um dos maiores da guerra civil de oito meses que eclodiu no país em fevereiro passado, mas ninguém do governo interino ainda se pronunciou sobre o caso.

Os líderes interinos, que no domingo passado anunciaram a libertação do país, podem estar simplesmente muito ocupados com as responsabilidades de erguer um novo Estado. Mas, durante todo o conflito na Líbia, eles deram várias provas da incapacidade (ou até falta de vontade) de investigar crimes de guerra cometidos por seus próprios soldados.

A falta de controle das brigadas anti-Kadafi ficaram claras com a morte do ditador líbio, até agora sem explicações claras. Enquanto autoridades alegam que ele foi morto em tiroteio, logo após sua captura, diversos vídeos mostram o tirano apanhando, com um ferimento de tiro na cabeça, mas ainda consciente.

Nesta segunda-feira, pela primeira vez, o presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdul Jalil, afirmou que vai criar um comitê para investigar a morte de Kadafi. Durante o anúncio, entretanto, Jalil aproveitou para levantar suspeitas de que teriam sido os próprios partidários do ditador que teriam o assassinato. "Vamos pensar: quem tinha o interesse em não julgar Kadafi?", ele indagou. "Líbios queriam julgá-lo pelo que ele fez com o nosso povo, as execuções e prisões que ordenou e a corrupção. Líbios livres queriam manter Kadafi preso e humilhá-lo o máximo possível. Aqueles que queriam ele morto eram aqueles que era leais a ele ou que participaram de seu regime."

Apesar de o conflito interno ter acabado com a morte de Kadafi, o abuso de antigos soldados rebeldes continuam: nesta segunda-feira, muitos foram vistos roubando geradores, carros e até uma bicicleta ergométrica em Sirte.

No hotel Mahari, muitas pistas apontavam para milícias rebeldes, mas nenhuma delas era conclusiva. Nomes de brigadas anti-Kadafi, por exemplo, estavam escritos num quadro no lobby. A maioria delas, vindas de Misurata.

Num cemitério perto do hotel, um médico local observada as vítimas do massacre, tirando fotos dos corpos e recolhendo material genético de cada um. Muitos cadáveres ainda preservavam curativos, o que leva a crer que eram pacientes do principal hospital de Sirte.

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