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Operário conserta sinalização em poste próximo ao Grant Park, em Chicago: Obama discursará com vitória ou derrota | Jewel Samad/AFP
Operário conserta sinalização em poste próximo ao Grant Park, em Chicago: Obama discursará com vitória ou derrota| Foto: Jewel Samad/AFP

Caso a eleição fosse realizada apenas entre os eleitores brancos, Barack Obama não se tornaria presidente dos EUA. Mas isso não necessariamente tem a ver com o fato de ele se negro. Desde 1964, quando Lyndon Johnson assinou a legislação de direitos civis que proibiu a segregação racial, nunca um democrata venceu entre esse grupo demográfico. Novamente, Obama não conseguirá vencer, mas seu desempenho, segundo indicam as pesquisas, será bastante bom se comparado com democratas em anos anteriores.

Na média desde 1964, os democratas sempre conquistaram 39% dos votos dos caucasianos. Na última pesquisa do New York Times e da CBS, Obama aparece com 44% de apoio nesse grupo. É, sem dúvida, um exemplo de que os Estados Unidos não são mais o mesmo país racista de 40 anos atrás. Mesmo que não vença, Obama jamais teria chegado aonde chegou sem a ajuda de milhares e milhares de brancos. Entre os negros, não é raro comentarem com alguma surpresa o gigantesco apoio que Obama vem recebendo da população caucasiana.

Qual é a mágica?

As circunstâncias certamente ajudam. Obama é o representante do Partido Democrata, o candidato da mudança após 8 anos de um governo republicano que os americanos não agüentam mais.

Mas mais do que isso, Obama se descolou da imagem de "presidente dos negros".

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Chicago pronta

Chicago está pronta para comemorar a vitória de Barack Obama como o novo presidente negro dos Estados Unidos.

O prefeito da cidade, Richard Daley, chegou a anunciar que 1 milhão de pessoas devem comparecer esta noite no Grant Park, no centro de Chicago, onde Obama vai fazer seu discurso sobre o resultado da eleição. Como sempre a tudo que é relacionado a Obama, a segurança deverá ser pesada. Além do serviço secreto, que fará inspeções aleatórias, todos os policiais de Chicago estarão nas ruas – as folgas para hoje foram canceladas.

O Corpo de Bombeiros também anunciou que todos os seus membros levarão o material de trabalho para casa, no caso de alguma emergência.

O sistema público de transporte também ampliou os serviços para esta noite. Algumas empresas irão liberar os funcionários às 3 h da tarde.

Mas e se ele perder? A campanha democrata já informou que caso uma derrota fique clara até a hora do evento, às 8 h da noite local (24 h no Brasil),

Obama irá fazer um discurso aceitando a derrota.

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Avanço democrático

O sistema eleitoral pode até ser anacrônico, algo que fazia sentido quando foi implementado, no fim do século 18, mas as eleições americanas não escapam do clichê de "festa da democracia". Nesse quesito, eles têm pelo menos dois grandes avanços em relação ao voto no Brasil.

Primeiro, o voto facultativo. Aqui, vota quem quer. Se o voto é um direito, então cabe ao cidadão escolher se quer ou não exercer esse direito. No Brasil, o voto ainda é um dever.

O segundo foi uma inovação que ocorreu de forma mais significativa apenas nestas eleições: o voto antecipado. Em vez de fixar uma única data para a votação, 30 dos 50 estados americanos decidiram ampliar o número de dias em que se pode votar e, assim, deram mais uma opção ao eleitor que quer participar do processo.

O argumento no Brasil contra o voto facultativo é que o país possui uma democracia que não é plenamente madura. Assim, o voto obrigatório é necessário para conferir legitimidade aos eleitos. Faz algum sentido, certamente, mas é bom não perder de vista o modelo norte-americano.

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