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Bastou meia hora de conversa com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para Fidel Castro convencer os cubanos de que pode voltar ao poder, depois de sete meses afastado por problemas de saúde.

A conversa de 32 minutos, o sinal mais contundente da recuperação do líder cubano, também frustrou as esperanças de mudança alimentadas por seus adversários.

- Cada vez que aparece ele está melhor. Quase voltou a ser o Fidel a que estávamos acostumados - disse Gertudris Olivera, uma professora que mora em Santiago de Cuba, 870 quilômetros a leste de Havana.

Fidel Castro, de 80 anos, não é visto em público desde julho, quando transferiu o poder para seu irmão Raúl, depois de uma cirurgia gastrointestinal causada por uma doença não revelada.

- Chegamos a pensar que estava morrendo e, pouco a pouco, estamos vendo-o melhorar. Acho que vamos vê-lo logo, porque já está metido nos negócios - acrescentou ela.

Em sua conversa com Chávez, Fidel mostrou-se articulado, fazendo brincadeiras em inglês e comentando a derrubada das bolsas na terça-feira. Ele disse que estava estudando e criticou seu inimigo, o presidente americano, George W. Bush.

Mesmo assim, Fidel foi prudente em relação a seu futuro:

"A todo mundo peço paciência e calma. Estou contente, porque vejo todo mundo tranquilo e o país andando, que é o importante''.

Fidel pediu também "tranqüilidade'' para poder realizar suas ''novas tarefas'', que não esclareceu quais são.

O diálogo ao vivo durante o programa de rádio Alô, Presidente, de Chávez, foi retransmitido pela televisão e também pela rádio estatal cubana. O Granma, diário do Partido Comunista, trouxe a íntegra da conversa em sua edição de quarta-feira.

Em Pequim, o chefe de relações internacionais do Partido Comunista de Cuba, Fernando Remirez, afirmou, durante uma visita, que Fidel pode voltar ao poder "em um futuro próximo''.

A conversa foi um golpe para aqueles que torciam para uma mudança política em Cuba, disse o dissidente Manuel Cuesta Morúa.

"O recado é claro: estou aqui, recuperado, e é somente questão de tempo, pouco tempo, para voltar a exercer o poder'', disse o líder do grupo social-democrata Arco Progressista. Ele acredita, porém, que Fidel não reassumirá com "a mesma intensidade'' de antes.

O governo cubano insiste há meses na recuperação de Fidel, mas não deu sinais claros sobre seu retorno ao poder, que ocupou sem interrupções desde 1959 até julho de 2006.

Seu irmão Raúl assumiu um estilo de governo mais coletivo e falou com clareza sobre os problemas do país, como a distribuição de alimentos, o déficit de habitação e a crise do transporte público.

Há quem espere que a recuperação de Castro ajude a solucionar esses e outros problemas da ilha.

- Dentro dos estudos que está fazendo, espero que também esteja ajudando a reorganizar o país - disse a aposentada Carmen López, de Havana.

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