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Abu Musab al-Zarqawi ainda estava vivo quando foi encontrado depois de um bombardeio sobre seu esconderijo, perto de Baquba, e chegou a tentar escapar de uma maca na qual era removido ao se ver diante de soldados americanos, mas morreu de ferimentos em seguida, disseram na sexta-feira os EUA. As informações divergem da versão divulgada na quinta-feira e não esclarecem como o chefe da Al-Qaeda no Iraque sobreviveu a um ataque em que caças lançaram duas bombas de 227 quilos sobre uma casa, e em que outras cinco pessoas morreram.

Temendo uma explosão de violência em represália à morte de terrorista mais procurado no Iraque, o governo impôs na sexta-feira toque de recolher das 11h às 15h em Bagdá e na província de Dyala, onde ele foi morto. Com isso, a capital teve algumas raras horas de paz e muçulmanos não puderam ir às mesquitas para a prece do meio-dia em seu dia santo. Mas nem o presidente George W. Bush alimentou esperanças de que a morte do terrorista diminua a violência.

"O afastamento de Zarqawi é um grande golpe para a Al-Qaeda. Não vai pôr fim à guerra e certamente não vai pôr fim à violência, mas vai ajudar bastante", afirmou Bush, negando especulações de que a morte do terrorista poderia abrir caminho para uma redução das tropas americanas no Iraque.

Ao prestar esclarecimentos sobre a morte de Zarqawi, o major-general William Caldwell, porta-voz das forças americanas, afirmou. "Na verdade, Zarqawi sobreviveu ao ataque aéreo". Caldwell disse que foi a polícia iraquiana que encontrou o líder terrorista e o pôs numa maca — antes que as forças americanas chegassem — identificando-o pelo rosto e por sinais em seu corpo.

"Zarqawi tentou de certa maneira sair da maca. Todos asseguraram que ele ficasse na maca, mas ele morreu quase imediatamente depois, de ferimentos", disse. Segundo o militar, o terrorista chegou a murmurar alguma coisa incompreensível. "Seu rosto estava muito ensangüentado", afirmou o porta-voz, acrescentando que o sangue foi retirado antes que fossem tiradas fotos do corpo.

Sobre a diferença entre seu relato de sexta e o da quinta, Caldwell disse. "Como em qualquer operação, os primeiros relatos nunca são 100% corretos, e continuamos checando para que possamos assegurar como os fatos exatamente aconteceram".

O bombardeio aconteceu na manhã de quarta-feira e só foi divulgado no dia seguinte. O porta-voz disse que só duas das seis pessoas mortas no ataque foram identificadas: Zarqawi e seu mentor espiritual, o xeque Abdul-Rahman. As outras seriam um homem e três mulheres. Não havia uma criança entre os mortos como fora divulgado, disse ele. Fontes próximas à família de Zarqawi disseram, porém, que havia um menino de 1 ano e meio, filho do terrorista com uma palestina, uma de suas três mulheres, que também teria morrido no ataque.

Caldwell não soube explicar como Zarqawi chegou a sobreviver ao bombardeio. "Não sabemos, e eu tenho examinado os relatos para saber se foi ou não porque ele poderia estar fora (da casa) ou qualquer outra coisa".

Na aldeia jordaniana de Zarqa, a família do terrorista responsável por muitos dos mais violentos atentados no Iraque pediu aos EUA que lhe entregue seu corpo para que ele seja enterrado de acordo com a tradição islâmica. Seu irmão Mohammed Fadhil al-Khalayleh afirmou. "Estou muito orgulhoso. Ele foi um homem que lutou por Deus no Afeganistão e no Iraque, e que pediu pelo martírio, que Deus lhe deu".

O mulá Mohammad Omar, líder da milícia afegã Talibã, prometeu que a morte de Zarqawi não enfraquecerá as forças muçulmanas, disse a agência de notícias Afghan Islamic Press, sem explicar como obteve a declaração do líder que há anos se mantém em silêncio.

Analistas foram unânimes ao afirmar que a morte de Zarqawi não vai pôr fim ao conflito sectário no Iraque, mas levantaram questões cruciais: se outros terroristas estrangeiros vão se mostrar igualmente dispostos a matar civis, se a insurgência sunita vai se fragmentar ou aumentar e, acima de tudo, se será possível conter o confronto entre sunitas e xiitas alimentado por Zarqawi.

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