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Sob a vigilância de soldados, manifestantes bloqueiam rodovia ao norte de Tegucigalpa: protestos pela volta do presidente deposto Manuel Zelaya ganham força | Orlando Sierra/AFP
Sob a vigilância de soldados, manifestantes bloqueiam rodovia ao norte de Tegucigalpa: protestos pela volta do presidente deposto Manuel Zelaya ganham força| Foto: Orlando Sierra/AFP

Amorim liga para Hillary e critica lentidão

Brasília - O chanceler Celso Amorim telefonou ontem para a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que estava em Nova Délhi(Índia), para "manifestar preocupação’’ com a lentidão e o encaminhamento das negociações para o restabelecimento da normalidade democrática em Honduras, informou a assessoria de imprensa do ministro brasileiro.

Amorim transmitiu a Hillary os reparos do Brasil a respeito do desenrolar da mediação "de igual para igual’’ entre os governos golpista e deposto, sob o comando do presidente costar-riquenho e Prêmio Nobel da Paz, Óscar Arias.

O ministro informou à secretária de Estado – que foi quem patrocinou a mediação de Arias –, que o Brasil não aprova a possibilidade de que os golpistas imponham condições para a volta e muito menos um governo de coalizão entre os dois grupos. Se um acordo assim for selado, na avaliação brasileira, estará caracterizada uma vitória dos golpistas, o que serviria como estímulo a novos golpes na América Latina.

Ainda na versão oficial, o ministro brasileiro informou aos EUA que a mediação do presidente da Costa Rica "tem de se dar no marco das resoluções da Organização dos Estados Americanos (OEA)’’. Ou seja: com o retorno incondicional do hondurenho deposto à Presidência.

Manágua - Sob a ameaça de que Manuel Zelaya tentará novamente voltar a Honduras "nas próximas horas’’, as comissões do presidente deposto e do governo interino de Roberto Micheletti retomam hoje as negociações na Costa Rica para buscar uma solução à crise política.

Até ontem, a principal proposta sobre a mesa havia sido apresentada pelo presidente da Costa Rica e Prêmio Nobel da Paz de 1987, Óscar Arias, mediador das negociações. Ele sugeriu um governo de transição encabeçado por Zelaya, mas com a presença de ministros ligados a Micheletti, para cumprir o resto do mandato até janeiro do ano que vem. Ambos pertencem ao mesmo partido, o Liberal (centro-direita), mas o presidente deposto ficou isolado da cúpula da sigla, que apoiou a sua deposição.

Por outro lado, Arias também propôs que Zelaya abandone sua campanha para convocar um referendo sobre uma Assembleia Constituinte em paralelo às eleições gerais de 29 de novembro.

A insistência de Zelaya em levar adiante uma votação sobre o tema apesar da proibição da Justiça e do Congresso foi a principal justificativa para a sua deposição, em 28 de junho.

Segundo um assessor de Zelaya que participa das negociações, o presidente deposto aceita a proposta de Arias, desde que os eventuais ministros ligados ao governo Micheletti sejam escolhidos por ele.

Zelaya também abriria mão da consulta sobre a Constituinte, mas não impediria que "o povo’’ a convocasse. Micheletti, porém, não tem dado sinais de que concordaria com a volta de Zelaya sob nenhuma circunstância.

O principal trunfo de Micheletti é o apoio interno de todas as instituições, entre as quais o Congresso e as Forças Armadas, a Igreja Católica e a elite econômica. Já Zelaya aposta na condenação internacional contra o golpe e em sua popularidade nas camadas mais pobres hondurenhas, que vêm realizando protestos quase diariamente desde a deposição, há três semanas.

Chávez

As negociações de hoje ocorrem sob uma intensa pressão de Zelaya, que tem prometido abandonar as negociações na Costa Rica caso não haja acordo nesta semana e promete voltar a Honduras "a qualquer momento’’.

Ontem foi a vez de Hugo Chávez, que na semana passada qualificou de "grave erro’’ a tentativa de diálogo, afirmar que Zelaya voltará a Honduras "nas próximas horas’’. "Nós estamos com Zelaya, é preciso apoiá-lo’’, disse o presidente venezuelano, que mantém uma equipe permanente de diplomatas acompanhando o aliado.

Um dos assessores que acompanham Zelaya na Nicarágua, onde ele passou os últimos dias, afirmou que o presidente deposto tentará o seu retorno ao país entre amanhã e segunda-feira – com ou sem acordo.

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