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Nos últimos dez anos, o perfil socioeconômico do Brasil mudou consideravelmente. A principal novidade foi o fortalecimento da classe C, composta por famílias com renda mensal domiciliar total entre R$ 1.064 e R$ 4.561, que virou a "bola da vez" após ser inserida no mercado de consumo e vem ganhando cada vez mais relevância, sendo considerada um filão para muitas empresas. Segundo o governo federal, até o fim de 2012 54% da população brasileira fará parte da chamada "nova classe média".

A classe C estava totalmente excluída do consumo há dez anos, mas hoje já movimenta cerca de R$ 380 bilhões por ano. A tendência se deve, em grande parte, ao fato de o mercado ter descoberto que quem sustenta o comércio é o varejo. Além disso, agora se sabe que os consumidores de baixa renda são fiéis, pois não podem correr o risco de errar em suas escolhas. Por isso, ao contrário do que se pensava há alguns anos, eles buscam qualidade.

No entanto, por serem consumidores de primeira viagem, a classe C tem feito crescer o índice de inadimplência, em consequência da política de juros do governo, que incentiva as compras. Devido à falta de educação financeira, o endividamento se torna um grave problema social, já que muitos vivem "no limite", pagando prestações sem manter nenhum fundo de reserva. Em abril deste ano, o número de operações em atraso chegou ao índice de 7,6%, a maior marca desde setembro de 2009, segundo o Banco Central.

De acordo com pesquisas de mercado, o mais grave é que os consumidores não se consideram responsáveis pela inadimplência e apontam causas externas. Esse é um dos maiores erros da chamada nova classe C e dos consumidores brasileiros em geral, que ainda não entendem a importância de planejar e se preparar para o futuro e eventuais imprevistos que surjam.

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio, a maioria das famílias brasileiras endividadas possui renda inferior a dez salários mínimos e justifica o acúmulo de débitos pelas compras excessivas no cartão de crédito, pagamentos de carnês e crédito pessoal. O cartão de crédito aparece como líder absoluto dos compromissos financeiros dos consumidores, com 51,4%. Outro dado importante mostrado pela pesquisa da CNC foi o aumento nos financiamentos de imóveis, que em junho de 2012 corresponderam a 5,3%, contra 4,1% em maio. É o maior indicador apurado desde abril de 2011.

Outro fator que causa endividamento entre a nova classe C é a compra do primeiro carro. Empolgados com o acesso ao consumo, 94,9 milhões de brasileiros da classe C adquiriram o seu primeiro carro pagando em prestações a perder de vista.

De acordo com o Sebrae Previdência, é possível evitar a inadimplência tomando algumas medidas. O primeiro passo é detalhar os gastos, tomando consciência da porcentagem de renda direcionada para cada um deles. Antes de pensar em poupar, é preciso conhecer os gastos fixos. Outra dica relevante é manter um fundo de reserva para emergências, nunca contando apenas com a renda mensal. Uma boa maneira de economizar é ter um objetivo financeiro – seja uma viagem, um bem de consumo ou uma poupança. Ter uma meta ajuda a manter a disciplina e reduzir o consumo diário.

Arthur Guitarrari é gerente de Marketing e Novos Negócios da ZipCode.

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