• Carregando...

Doze de outubro convida-nos a honrar e venerar a Imagem de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que se encontra em seu Santuário Nacional, em Aparecida, SP, para onde acorrem os milhares de romeiros. Com eles vamos chegar aos pés da Virgem Morena e suplicar os seus favores e as Graças e Bênçãos de Deus. Nesta solenidade quero apresentar aos amáveis leitores crônica de Conceição Borges Ribeiro, publicada em "Ecos Marianos", no ano de 1957:

A Cor da Imagem

Sempre a pergunta paira na alma, quando em oração aos pés da Virgem Aparecida.

– Por que será que Ela tem esta cor?

E surgem explicações e lendas que, dentro de um misticismo religioso, envolvem casos e histórias.

A Rainha, no seu nicho de ouro, com o mais sublime Amor, há dois séculos contempla o devoto, olha o romeiro que vem de longe.

–Abençoa a dor e faz o milagre.

–Na serra da Mantiqueira as nuvens se encastelaram – nas águas do Rio Paraíba, a canoa singrou e os remos se encantaram em uma pequena onda partida: surgiu Nossa Senhora, a Virgem Aparecida.

– Será escura, porque veio rolando, rolando? Dizem que por promessa, a imagem foi lançada ao rio, já em Jacareí...

– Não (então seria branca de tanto rolar nas águas) e sim porque ficou muito tempo guardada no fundo do rio...

Toda a pergunta fica no ar, interrogação de ouro em forma de pequeno altar.

A Santa mede 39 centimetros de altura. "É feita de barro escuro terra-cota escura. É rústica, mas bem trabalhada".

Parece-nos que em 1750 foi pela primeira vez citada a cor de Nossa Senhora, achada em outubro de 1717.

Na "História da Companhia de Jesus no Brasil", volume VI encontramos:

"A Ânua de 1750, traz, entre outras notícias, a que se fizera uma ‘missão’ a Guaratinguetá, a uma capela de Nossa Senhora da Conceição, que os moradores chamam Aparecida, cuja imagem recolhida no Rio Paraíba, na rede de uns pescadores, primeiro o corpo, e depois, em lugar distante, a cabeça, era de cor azul escuro (caerulei coloris) mas clara por muitos milagres que fez".

Depois, conferências, poemas, versos, poesias, sempre a cor sendo comparada aos elementos que formaram a raça brasileira: o branco, o preto e o índio.

Trazemos a frase de Plínio Salgado, no colorido das raças:

"A Imagem da Conceição Aparecida tem uma cor de castanho escuro, tonalidade em que interferem as cambiantes das cinco raças do mundo".

E lemos na sua Geografia Sentimental – "Vê: é uma Virgem Morena. A Sulamita do "Cântico dos Cânticos" quer significar, pela cor desta imagem, que o verdadeiro cristianismo não pode conceber as discriminações raciais".

Canta Marques Cruz, no seu lindo poema – Nossa Senhora Aparecida – "uma imagem gentil, Trigueira, pequenina, com suave feição, com um quê, que fascina".

Francisco Patti escreveu no "Correio Paulistano", em 14 de novembro de 1954:

Segundo uma tradição que remonta ao terceiro quartel do século passado, cabia às Irmãs Concepcionistas do Convento da Luz "encarnar" a imagem de Nossa Senhora Aparecida. "Encarnar" quer dizer (é o termo usual em se tratando de imagens religiosas) reformar a pintura dos santos. Nossa Senhora Aparecida veio para tal fim a São Paulo e no Convento de Frei Sant’Ana Galvão foi convenientemente "encarnada". De volta à sua sede, descascou-se toda e voltou a ficar preta como no dia em que a encontraram no fundo do rio. A Santa, informa o "Celeste Orvalho", preferiu ficar sem o "adorno das tintas".

Uma vez, no ano de 1857, um escravo passando por Aparecida, suplica ao feitor que o deixe ver a Senhora. Entra algemado na Capela, pede a bênção em voz alta e a corrente se abre e cai tinindo no chão.

Um dos primeiros milagres da Virgem Aparecida.

Foi no reflexo puro do milagre do escravo, cuja corrente se abriu sem interferência alguma, foi na expansão infinita do Amor, que o Cardeal Dom Carmelo de Vasconcelos Mota, no sermão de 25 de março de 1952, na inauguração do Seminário Menor Metropolitano desta cidade e no impulso da alma para com o mistério divino da pergunta, assim definiu a cor de Nossa Senhora:

– Nossa Senhora foi a "Ancilla Domini" e quis até na cor ser a Escrava do Senhor".

E todos nós cantamos: "Senhora d’Aparecida, vi tua cor se esparramar na vida de nossa gente, como um grito de justiça pra teu povo libertar! Dai-nos a Bênção ó Mãe querida, Nossa Senhora Aparecida. Sob este manto do azul do céu guardai-nos sempre no amor de Deus!".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]