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8 de março: uma homenagem a mulheres e homens
| Foto: Pixabay

Para aqueles que não compactuam com a exploração de temáticas femininas por pautas “progressistas”, comunistas e pseudo-humanistas, o Dia Internacional da Mulher deve servir para nos recordar que só há mulher porque há homem, e vice-versa.

Na sociedade contemporânea, que tem abdicado do Bem, da Beleza e da Verdade em favor de juízos de gosto os mais variados, não é politicamente correto dizer que há apenas e tão somente duas formas de se viver a vida humana: a forma masculina e a forma feminina. Mas quem, no uso da razão, se importa com o politicamente correto, quando toca na própria vida e ao seu redor a verdade reluzente que não pode ser calada por vozes estridentes, que bradam com vistas a nos tornar surdos ao sussurro permanente e persistente da vida real?

Masculino e feminino. Só há sentido a existência de um porque há o outro, do mesmo modo que só faz sentido pensar em perna esquerda porque há perna direita para contrapô-la. Ser humano neutro é pura abstração.

Daí porque pretender entender a mulher apenas a partir de si mesma, como faz grande parte do movimento feminista, redunda em reducionismos ideológicos que escapam à realidade. Mulheres e homens vêm sendo conduzidos a infindáveis conflitos que, conforme avançam as pautas sectárias, seguem embaçando a percepção e vivência da essência de cada uma dessas formas de vida humana, a tal ponto que se aceita como legítima qualquer forma de vivê-la, ainda que de humano pouco tenha.

De fato, a razão nos denuncia: não há ser humano assexuado, neutro, como tanto berram histericamente os mesmos que buscam a todo custo demonizar o homem e, por outro lado, tornar a mulher um poço de virtudes, talentos e competências sem fim, desde que não sejam esses atributos direcionados à família e à maternidade. Vícios e virtudes dizem respeito ao ser humano, homem e mulher. A tentativa que se tem visto, de denegrir toda e qualquer conduta masculina simplesmente por ser masculina, fere a inteligência e gera o caos na ordem natural das coisas.

Em meio a essa balbúrdia intencionalmente plantada na sociedade atual, as vozes dissonantes costumam dizer que as mulheres, seduzidas pelo canto da sereia dos movimentos feministas, acabam por se masculinizar. Ledo engano! A mulher não se masculiniza, a mulher se despersonaliza ao tentar abdicar daquilo que lhe é próprio: sua feminilidade. Mas não é apenas a mulher que vem sendo despersonalizada. Com o homem tem ocorrido idêntico fenômeno: a masculinidade é descontruída e descaracterizada até que se torne a caricatura de um feminino tosco, que opera sob o influxo de chavões sentimentalistas com função disruptiva da essência do homem.

Temos de admitir a coerência e estratégia nesse modus operandi, ainda que abjeto, porque para se obter sucesso na desconstrução do feminino é necessário que se desconstrua também o masculino, dado que a referência do masculino desperta na mulher sua feminilidade, própria da sua natureza. Assim, a omissão da condição sexuada do ser humano, homem ou mulher, equivale à abstração desse ser, que perde sua humanidade, torna-se mero objeto, fantoche na mão de manipuladores com discursos de divisão e vitimização.

Pretender tratar o ser humano sem considerar essa dualidade decorrente da condição sexuada é pretender tratar o ser humano apenas como um corpo, ou seja, sem a humanidade que lhe é própria. E isso não equivale à uniformidade absoluta dentro de cada uma das formas sexuadas, mas de uma forma peculiar de se viver cada uma delas.

É preciso reafirmar, cada vez com mais insistência e clareza, mesmo que pareça óbvio a todo aquele que pensa e experimenta a condição humana: uma mulher é tão mais mulher quanto mais seja posta diante de um homem. Um homem é tão mais homem quanto mais esteja diante de uma mulher. E exatamente a partir dessa realidade é que se compreende toda a confusão contemporânea acerca do papel de cada qual na sociedade, onde são ignoradas as circunstâncias peculiares ao homem e à mulher, em cada caso concreto, sob a ótica da complementaridade e reciprocidade, as quais necessariamente correspondem ao elo que justifica a distinção natural.

A supressão forçada, porque não natural, dessas diferenças, quer seja por mecanismos legais, quer seja por manipulações de massa através de movimentos sociais de origem marxista ou “progressista”, converte cada indivíduo em mero ente despersonificado, despido de humanidade. Pois, em não havendo mulheres no exercício de sua feminilidade, como poderão os homens exercitar sua masculinidade?

Por outro lado, a vivência da complementaridade entre o homem e a mulher, com as peculiaridades inerentes a cada um, segundo a ordem natural, traz ao seio da sociedade o equilíbrio e a harmonia necessários – hoje um tanto escassos – para o pleno desenvolvimento do ser humano, que não vive só, mas inserido em uma família e em uma comunidade concretas.

É nesse cenário de aparente abolição do homem e da mulher que urge resgatar a masculinidade e a feminilidade como expressões únicas e complementares da vida humana em sua condição sexuada, sem as quais não se pode viver uma vida plenamente humana, tampouco se pode cogitar na permanência da própria espécie humana.

Portanto, neste 8 de março, a homenagem é às mulheres e aos homens que, lutando contra seus vícios e buscando viver integralmente como pessoa humana masculina ou feminina, têm sido como luzeiros em meio à massa errante que se deixa levar por ideologias cujo fim último é a destruição do próprio ser humano.

Viviani Dourado Berton Chaves é juíza de Direito no estado de São Paulo.

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