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Os dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) 2011, divulgados pelo IBGE, confirmam o resgate da 3.ª posição desfrutada pelo Paraná em geração de renda da indústria de transformação no Brasil (com 8,4% do total), perdida em 2010 para o Rio de Janeiro (8%), e ficando ainda mais distanciado do Rio Grande do Sul (7,7%). De fato, o estado atravessa um estágio de mutação de sua matriz industrial, cujas raízes foram fincadas no segundo quinquênio dos anos 1990, quando a nação começava a colher os frutos bons da abertura comercial, da reestruturação industrial, da desregulamentação dos mercados, da flexibilização de alguns monopólios, da regulamentação da concessão de alguns serviços públicos e do fim da hiperinflação.

A fase virtuosa, verificada entre 1995 e 2002, foi viabilizada por meio do aproveitamento das vantagens competitivas locais para a atração de empreendimentos fabris, interessados no deslocamento dos investimentos em novas unidades: do espaço saturado, polarizado pelo Sudeste brasileiro, na direção de cidades de médio e grande porte do Centro-Sul do país. Tais destinos eram dotados de excelência infraestrutural, disponibilidade de mão de obra qualificada e localização privilegiada em relação aos principais mercados brasileiros e do Mercosul.

Nessas circunstâncias, o Paraná conseguiu experimentar um panorama de expansão e diversificação de sua estrutura industrial, ancorado no complexo automotivo, incluindo montadoras e grandes fornecedores mundiais; no agronegócio, liderado pela base empresarial cooperativista; no parque madeireiro-papeleiro; e nos insumos da construção civil.

Essa tendência sofreu arrefecimento em fins do decênio de 2000, fruto especialmente da substituição do planejamento público de longo prazo por ações improvisadas que custaram ao estado perda de investimentos, deterioração da infraestrutura e enfraquecimento do peso nas decisões políticas na esfera federal. Não por acaso, a participação do Paraná no produto industrial brasileiro caiu de 8% em 2009 para 7,5% em 2010, no segmento de transformação.

O jogo desfavorável começou a ser alterado a partir de janeiro de 2011, através do restabelecimento das iniciativas voltadas à construção de um projeto de desenvolvimento para o estado, amparada em um diálogo permanente e transparente entre governo e demais atores sociais atuantes no Paraná, dirigido, prioritariamente, à restauração de um ambiente favorável à multiplicação dos negócios por aqui.

Essencialmente, enquanto a sociedade paranaense manifestava a recuperação intransigente de uma vontade de crescimento, o governo estadual empenhava-se em buscar reorganizar, articular e acionar mecanismos e instituições capazes de, ao mesmo tempo, sustentar tal processo e apressar a aproximação entre o presente e o futuro desejado.

Se a esmagadora maioria das estatísticas conjunturais demonstra essa marcha modernizante, os indicadores estruturais apurados pelo IBGE e contidos na PIA, para o exercício de 2011, corroboram o quadro de modernização do setor manufatureiro regional, liderado pelos parques agroindustrial, automotivo e de refino de petróleo e álcool, responsáveis por 30%, 21% e 17,5%, respectivamente, do resultado do esforço produtivo setorial do estado naquele ano.

O curso estruturalmente ascendente do complexo fabril paranaense deve prosseguir, graças à entrada em operação dos empreendimentos do portfólio de mais de R$ 21 bilhões, atraídos pelo Programa Paraná Competitivo em dois anos e meio; da vitalidade do mercado de trabalho regional, sobretudo da indústria fora da Região Metropolitana de Curitiba (RMC); e dos efeitos dinâmicos das obras de infraestrutura realizadas pela administração estadual, sobretudo no modal de transportes.

Gilmar Mendes Lourenço, economista, é diretor-presidente do Ipardes e professor da FAE.

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