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O ser humano inicia seu processo de avaliação nos primeiros anos de vida ao entrar em contato com o mundo/sociedade no qual está inserido em suas diferentes dimensões: familiar, escolar e social.

Na dimensão familiar, o exemplo prático da avaliação é quando a criança ainda não adquiriu a linguagem e ela chora fazendo a mãe, por exemplo, amamentar, dar água, colocar no colo, fazer dormir, trocar a fralda e dar remédio. Estes são os meios de comunicação que a criança utiliza para avisar que algo não está confortável. A mãe, por sua vez, compreende os sinais avaliando o que pode estar acontecendo com o filho e tomar suas atitudes.

A criança, durante seu desenvolvimento, percebe que, ao chorar, é atendida. Toda vez que sorrir, a mãe se alegra; quando faz algo errado, a mãe chama a atenção. Ao pedir algo, a mãe dá ou não, dependendo da situação e possibilidades da família. Dessas maneiras, a criança avalia o que pode, como e quando consegue alcançar seus objetivos. Essas respostas fazem parte do processo de avaliação.

No processo escolar, primeiramente na educação infantil, a rotina é diferente do espaço familiar, pois a referência da criança não é mais a mãe/responsável, e sim a professora, que tem outra concepção, valores, referências e conhecimentos. É ela que leva novos desafios, novas aprendizagens e impõe outros limites em sala de aula para sua turma, sendo estes necessários para que a criança se desenvolva não só como aluna, mas como cidadã.

A nota revela alguns resultados, mas não é o aluno em sua completude

É no ambiente educativo que os pequenos entram em contato com outras crianças mais ou menos da mesma idade, mas com costumes, orientações e vivências divergentes. Logo iniciam as trocas de experiências e as avaliações para identificar seus colegas de turma, vendo aqueles que se aproximam de suas características e de seus referenciais, para em seguida constituir seus grupos de amigos, equipes de trabalho, círculos de amizades, dentre outras relações.

Do ensino fundamental em diante, o comprometimento e as responsabilidades só aumentam em relação à aprendizagem, pois os conteúdos são mais complexos, exigindo do aluno consciência e controle do que vem aprendendo para atender as suas necessidades enquanto aprendizes, e também para compreender e responder aos exercícios e as questões avaliativas do sistema educacional.

A avaliação sistematizada, em princípio, deve ser abordada na escola de maneira significativa e complementar a aprendizagem do aluno. Ela precisa ser um instrumento que media e mostra ao professor os pontos positivos e negativos internalizados pelo aluno. Com os resultados em mãos, ele pode se mobilizar de diversas maneiras para conhecer e interpretar os sinais apresentados, por exemplo: como o aluno aprende, o seu estilo de aprendizagem, que caminhos ele escolhe para responder as questões e como o utiliza. O importante é o professor não ficar preso somente à nota da avaliação, mas saber o significado que ela tem na aprendizagem do aluno e no que reflete em sua prática.

Atualmente, o que pode ser visto na escola é que o professor desenvolve um olhar quantitativo, ou seja, ele recebe o aluno pelo produto da prova. É claro que a nota revela alguns resultados; no entanto, não é o aluno em sua completude, pois toda pessoa tem suas habilidades e limitações e estas, sendo identificadas, devem ser trabalhadas em sala de aula para que o aluno construa um equilíbrio em sua aprendizagem.

Este processo também cabe à coordenação pedagógica, que deve orientar e motivar leituras sobre avaliação para que o professor tenha o conhecimento necessário e não a execute sem um objetivo; caso contrário, o aluno pode ser prejudicado com diagnósticos muitas vezes precoces a seu respeito. Em suma, a reflexão é: Como o professor envolve o aluno em sua disciplina? Qual a motivação que lhe é concedida? De que maneira ele coloca ao aluno o momento da avaliação?

Na dimensão social, a avaliação é refletida como o produto do aluno, do sujeito no ambiente de trabalho, na família, entre outros. São os conceitos que ela impõe sobre o ser humano. Todavia, é preciso cuidar com estes paradigmas, considerando que nem todo aluno A é o melhor aluno na “vida da gente”.

Ana Regina Caminha Braga é escritora, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar.
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