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A camisa da Seleção é do Brasil e não de um projeto de poder

cbf camisa vermelha
Imagem criada com IA exemplifica como nova camisa da seleção brasileira na cor vermelha poderá ser. (Foto: Jocelaine Santos com chatGPT)

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Em 2026, o Brasil vai parar duas vezes. Pela Copa do Mundo e pela eleição presidencial. São dois momentos em que a emoção do povo transborda – um pela paixão pelo futebol, outro pela escolha do futuro do país. Não é por acaso que, justamente nesse ano, surgiu a proposta de alterar um dos símbolos mais respeitados da nossa identidade, a camisa da Seleção Brasileira.

Vazamentos apontaram a adoção de uma camisa vermelha como segundo uniforme, algo jamais visto na história da Seleção. A repercussão foi imediata – e negativa. O narrador Galvão Bueno chamou a ideia de “crime” e “ofensa sem tamanho ao futebol brasileiro”. E não se trata de exagero, é uma tentativa explícita de resignificar um símbolo nacional com clara conotação política, num momento em que a cor vermelha se confunde, deliberadamente, com um projeto de poder.

A camisa da Seleção é do Brasil – e não do partido que estiver no poder. Ela pertence a quem acredita que patriotismo não é vergonha. Que futebol não se entrega à ideologia. Que tradição não se apaga com tinta

A “amarelinha” e a camisa azul não são apenas tradição. Elas são herança emocional de gerações. O amarelo veio após o trauma de 1950 como símbolo de reconstrução. O azul entrou para a história com a conquista de 1958 e se repetiu em títulos, glórias e memórias que fazem parte do imaginário popular. Trocar essas cores por vermelho – cor historicamente associada à esquerda e ao PT – em pleno ano eleitoral, soa menos como uma escolha estética e mais como provocação ideológica.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), alvo constante de críticas e suspeitas, é quem está por trás dessa proposta. A recondução de Ednaldo Rodrigues à presidência da entidade, após articulações judiciais envolvendo o STF e partidos como o PCdoB, levantou ainda mais dúvidas. A influência direta de ministros do Supremo – como Gilmar Mendes, cujo filho tem contratos com a CBF – reforça a percepção de que há interesses cruzados entre futebol, política e poder.

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Diante da pressão popular e da indignação de jornalistas, ex-jogadores e do povo brasileiro, a CBF recuou. Em nota, disse que a camisa vermelha “não é oficial”. Mas o dano simbólico já estava feito. A tentativa de vestir a Seleção com as cores de um grupo político não passou despercebida. A resposta veio das arquibancadas virtuais: o Brasil não aceita ver sua Seleção transformada em palanque. O futebol brasileiro pertence ao povo – e isso inclui seus símbolos. A camisa da Seleção não pode ser usada para disputar narrativas políticas em ano de eleição, nem como ferramenta de reposicionamento ideológico. Ela deve representar todos os brasileiros, e por isso carrega as cores da nossa bandeira.

A camisa da Seleção não é neutra – e nunca foi. Nos últimos anos, foi resgatada por milhões de brasileiros como símbolo de amor à pátria, de indignação com os desmandos do poder e de resistência à corrupção. Se tornou parte das ruas, das manifestações, da liberdade de expressão. É exatamente por isso que querem substituí-la. A camisa da Seleção é do Brasil – e não do partido que estiver no poder. Ela pertence a quem acredita que patriotismo não é vergonha. Que futebol não se entrega à ideologia. Que tradição não se apaga com tinta.

Ramiro Rosário é vereador de Porto Alegre pelo Partido NOVO.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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