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Airbus 320 da Avianca
Em recuperação judicial desde dezembro de 2018, Avianca pode ter leilão esvaziado com redistribuição dos seus slots em Congonhas| Foto: Divulgação/Infraero

Apesar de sua formação em Matemática, o norte-americano John Forbes Nash ganhou seu Nobel em Economia, em 1994, por seus estudos baseados na Teoria dos Jogos, conceito desenvolvido por outro matemático, o húngaro John von Neumann. A disputa pelo espólio da companhia aérea Avianca Brasil é uma ótima oportunidade de ver os ensinamentos desses dois matemáticos aplicados na prática.

A Teoria dos Jogos estuda as situações em que jogadores fazem suas escolhas com base na escolha do(s) outro(s) jogador(es). Trazendo essa teoria para o caso da Avianca, podemos dizer que a escolha da Azul em comprar a empresa afetou diretamente a escolha da Latam e da Gol, que optaram por fatiar a empresa para não permitir que a Azul levasse sozinha a Avianca. Tanto a escolha da Azul como da Latam e da Gol acabaram por afetar, também, a decisão da Swissport, que pediu o cancelamento do leilão de venda das sete Unidades Produtivas Isoladas (UPIs). Ao fim dessa disputa de interesses, perderam todos: as companhias aéreas interessadas, o mercado, os passageiros e, principalmente, os colaboradores da Avianca.

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Mas o que nos interessa analisar é se seria possível preservar o emprego dos 5,5 mil colaboradores da Avianca. Até o asfalto da pista de pouso do aeroporto de Brasília sabe que o Brasil ostenta o triste número de 13 milhões de desempregados e que, pela proporção atual de geração de empregos, levaríamos vários anos para zerar o estoque de desempregados no país. Evidentemente, nenhum desempregado pode esperar por anos e anos até voltar a trabalhar.

Aqui entra a teoria que ficou conhecida como o “Equilíbrio de Nash”. Já que a escolha de uma empresa (Azul) afeta a escolha de outras empresas (Latam e Gol), que, por sua vez, afeta a escolha de uma quarta (Swissport), como solucionar esse impasse? Uma opção para todos saírem ganhando seria a formação de um consórcio em que os interessados ficassem com o espólio da Avianca. Dessa forma, os participantes do jogo teriam algum ganho, mesmo que parcial, em vez de todos perderem. Isso já foi feito no passado, quando um consórcio criado em 1959 pela Varig, Cruzeiro do Sul e Vasp administrava os voos dessas companhias entre Rio e São Paulo. Talvez sem saber, aquelas empresas, décadas atrás, já estavam praticando os ensinamentos do mestre Nash.

*Sady Bordin é presidente do Instituto Eu Consigo.

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