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No futebol, após cada evento ou rodada, é de senso comum surgirem frequentes e exaltadas discussões: o jogador estava impedido? Foi pênalti? A bola entrou ou não? Esses questionamentos são bem conhecidos pelos apreciadores deste esporte tão popular.

É inevitável questionarmos, no processo evolutivo do futebol, o uso de recursos tecnológicos, pois sua prática envolve emoções, atingindo todas as classes sociais, além de grandes investimentos financeiros. Portanto, o uso da tecnologia nos esportes para esclarecer lances duvidosos, já comum em outras modalidades como tênis e voleibol, vem à mídia novamente, discutindo-se sua possível aplicabilidade no futebol.

Não podemos continuar convivendo com injustiças irreparáveis

O fair play exige tratamento igual para todos

O Brasil pediu autorização da Fifa para testar uma espécie de “árbitro auxiliar” nas decisões de campo (coisa que já vem acontecendo sem o menor pudor, apesar dos desmentidos da CBF). Mas trata-se de uma autorização apenas para teste, com duração de dois anos.

Leia o artigo do ex-árbitro do quadro da Fifa Alfredo Loebeling.

A Fifa, sabedora do sucesso secular do futebol no mundo, é reticente em alterar suas regras, o que se justifica por outro chavão: “em time que está vencendo não se mexe”. A regra é clara, mas sua interpretação nem sempre. Muitos defendem a ideia de que as polêmicas ocasionadas pelos erros de arbitragem, mesmo provocando injustiças, contribuem para a popularidade do jogo, pois esses fatos tornam-se motivos de incansáveis discussões entre dirigentes, atletas, torcedores e nos mais diversos meios de comunicação, elevando a discussão do jogo muito além dos 90 minutos.

Outra justificativa que traz obstáculos à introdução tecnológica seria a dificuldade de padronização em todos os âmbitos, pelo custo a ser envolvido. Essa ideia é rebatida pelos defensores da aplicabilidade da tecnologia, que propõem que sua prática aconteça apenas em campeonatos selecionados.

No último dia 14 de outubro, a CBF encaminhou à International Football Association Board (Ifab), órgão da Fifa que regulamenta as regras do futebol, um projeto considerando a solicitação dos clubes brasileiros. A ideia era pedir a aprovação do uso de imagens da televisão para auxiliar os árbitros já na Série A do Campeonato Brasileiro de 2016. A proposta é a criação do Árbitro de Vídeo (AV), que terá a função de corrigir erros técnicos e disciplinares claros e indiscutíveis que possam interferir no resultado de uma partida, obedecendo ao princípio de não interrupção do jogo (mínima interferência). Esse árbitro atuaria com base em imagem televisiva simultânea e com possibilidade de replay imediato. A comunicação com os árbitros de campo seria feita através de ponto eletrônico.

Vemos como inevitável o processo evolutivo em todos os aspectos da vida. Portanto, o uso de recursos tecnológicos nas mais diversas áreas humanas é fato e certamente crescerá no futebol, como já vem acontecendo, seja na comunicação entre árbitro e auxiliares através de rádio, do uso do chip na bola (como já testado em torneios mundiais), no monitoramento por câmeras que permitem a punição de atletas, árbitros e até torcedores por atitudes inadequadas. Podemos citar ainda os diversos recursos aplicados nos clubes para o processo de treinamento e acompanhamento da performance de seus atletas. Todas essas experiências apresentam resultados positivos.

Somos a favor da emoção desse esporte maravilhoso, no qual o ser humano erra. Mas não podemos continuar convivendo com injustiças irreparáveis. Que o Brasil tome a liderança neste processo evolutivo e sirva de exemplo positivo para o mundo do futebol.

Mauro Marturelli Jr. é professor de Futebol do curso de Educação Física da Universidade Positivo.
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