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Em maio deste ano, o Congresso Nacional viu-se diante de uma acalorada discussão disputada por representantes da direita e da esquerda acerca da inclusão da palavra "gênero" no Plano Nacional de Educação. Para que fique claro o que é a teoria de gênero, a simplificaremos como uma divisão da sexualidade humana, sendo esta repartida em sexo biológico (genitálias), identidade de gênero (sexo cerebral), orientação sexual (atração sexual) e papel de gênero (comportamentos masculinos e femininos). O porquê da polêmica está na afirmação de que a diversidade sexual das pessoas é tamanha que podem existir, por exemplo, homens em corpos femininos e vice-versa. E, portanto, indivíduos em "corpos errados". Tal assertiva permitiu reacender o debate sobre como entendemos a corporeidade humana e a nossa identificação pessoal com ela.

Dito isso, para que possamos entrar nessa discussão é preciso, primeiro, perguntar: o "eu" que se identifica com o corpo é alheio a ele? A resposta é não. Deixando de lado a questão da origem da consciência, uma coisa é evidente: ela só emerge com um corpo. Se a consciência não existe sem um corpo e o meu "eu" é a expressão da minha consciência, então esse "eu" está dependente desse receptáculo que, porventura, é sexuado. Como o "eu" não subsiste sem um corpo, então é errado dizer que somente um deles representa toda a minha humanidade. Estendendo o argumento, chegamos à conclusão de que, se os corpos humanos apresentam-se como masculino e feminino, e não há humanos descorporificados, tampouco sem sexo biológico, segue-se que ser homem ou mulher não é apenas um estado mental, mas também uma corporificação completa.

Compreendido isso, podemos verificar um equívoco no uso de certas terminologias como "mulher trans", que pressupõem que, para ser mulher, basta que a mente ou o estado cerebral seja feminino, expulsando o corpo restante. Um claro apelo ao determinismo psicológico. Devemos, pois, dizer que mais científico seria investigar as causas de a consciência contradizer o sexo biológico e, se possível, harmonizá-los. Quando fazemos isso, captamos o verdadeiro valor da inteligência humana, a saber, o de compreender e obedecer à teleologia corporal.

Os teóricos de gênero, de tanto apelar ao determinismo psicológico, já não compreendem as reações naturais do corpo. E quando um corpo feminino, por exemplo, reage afeiçoando-se por uma boneca, dizem eles que esse amor é apenas uma imposição cultural. Porém, se definirem a sexualidade somente a partir da psique, sendo todo o resto (gostos, anatomia etc.) desconstruído, não haverá mais diferenças inatas entre masculino e feminino, inutilizando qualquer denominação de gênero proposta pelos próprios teóricos. Já não haveria homem e mulher, não sendo possível nem mesmo uma "mulher trans" se afirmar como tal – afinal, ninguém pode imitar o que nunca viu. E é exatamente isso o que está acontecendo. Para quem nunca ouviu falar em "pessoas trans não binárias", esse tem sido o novo modismo linguístico para definir seres humanos que não se consideram nem macho, nem fêmea, muito pelo contrário, transcendendo essa divisão. Talvez sejam anjos.

Por fim, é importante esclarecer que o tema da sexualidade humana não está esgotado. Não porque não haja verdades sobre ele, mas porque ainda há muitos enganos. Para que possamos empreender uma reta investigação sobre a natureza do homem, é preciso antes que ele se dispa de vestes ideológicas e assuma sua verdadeira missão no mundo, a busca pela verdade.

Leandro Monteiro é graduando em Engenharia de Produção na UFPR. Tais Carolina Pilato, é graduanda em Arquitetura na UTFPR.

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