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Que nível de segurança os pedestres de sua cidade têm quando você passa dirigindo o seu carro? Você sabia que as chances de sobrevivência de um atropelado diminuem na razão direta em que a velocidade do veículo atropelador aumenta?

Explico: quanto mais rápido estiver o carro, mais o atropelado se machuca. Mas há um limite: a partir de um determinado ponto, a vítima morre. Esse limite para sobrevivência ao choque corresponde aos famosos 60 quilômetros por hora, que geralmente aparecem nas ruas das cidades como velocidade máxima. Para estabelecer esse teto, foram realizadas inúmeras medições, incontáveis experimentos com bonecos na pele de atropelados e intermináveis análises de acidentes reais.

É fácil imaginar que, dependendo da estrutura física do atropelado e do estado em que se encontrava no momento do choque – se estava parado, caminhando ou correndo, se carregava objetos ou não – a velocidade letal pode variar. Também afetam esse índice fatal o tipo de veículo, seus aparatos e acessórios externos, se estava em situação absolutamente perpendicular ao sentido de deslocamento do atropelado, entre outros.

Você já deve ter ouvido falar de gente que andava a pé, tropeçou, caiu e morreu porque bateu com a cabeça no meio-fio. Nesses casos, a maneira pela qual a batida ocorreu é mais importante que a força do impacto. Assim sendo, um atropelamento pode levar o pedestre à morte mesmo que o veículo esteja em velocidade bem menor que os famigerados 60 Km/h.

Então, na próxima vez em que se sentir privado de aproveitar a potência de seu carango, faça o seguinte: estacione bem naquele trecho em que você sentiu a tal indignação (onde for permitido, por favor). Assuma o papel de pedestre: desça do carro e tente atravessar. Você vai sentir na pele o que é, para um indefeso pedestre, o estresse de fazer mentalmente muitos cálculos ao mesmo tempo: ter muita paciência para esperar o momento oportuno, agilidade para aproveitar a melhor ocasião e destreza para realizar a travessia sem tropeçar nas próprias pernas.

Um pouco de sorte também ajuda, para garantir que não vai haver surpresas como uma casca de banana ou óleo no asfalto, um buraco que você não viu ou algum ciclista na contramão. E é bem importante não estar com pressa, porque isso pode se tornar um indesejável gerador de erros de cálculo nessa perigosa aventura.

Então, qual nota os pedestres da sua cidade lhe dariam como condutor? Para responder essa pergunta, utilize outra: qual o grau de (in)segurança que você gera pelas vias pelas quais trafega?

Celso Mariano é especialista em trânsito e diretor institucional da Tecnodata.

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