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Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva e o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a reunião do G77+China sobre Mudança do Clima, na Expo City Dubai
Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva e o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a reunião do G77+China sobre Mudança do Clima, na Expo City Dubai| Foto: Ricardo Stuckert / PR

Beleza, verdor, tranquilidade, inconfundibilidade... São inúmeras as palavras que podemos usar para descrever a Amazônia, possivelmente a floresta mais conhecida do mundo, a qual abrange uma série de paisagens incríveis, desde aquelas que estão mais recônditas até as que chegam às cidades como Manaus. A Amazônia é, no mínimo, a mais ampla oferta natural que o Brasil tem para o turismo internacional, seguida do Pantanal e do Cerrado.

Há duas formas de descrever a Amazônia. Nós, os brasileiros e os cidadãos de um país de fala espanhola que tenha a Amazônia, sabemos associar essa floresta a termos positivos como "natureza" e "turismo". Para os estrangeiros, porém, ela é sinônimo de termos negativos como "incêndios" e "desflorestação", o que sem dúvida é um ataque à Amazônia, às tribos de índios, aos empregos e ao seu potencial econômico relacionado com o turismo.

É tudo isso que os estrangeiros criticam quando a sua opinião é pedida sobre a Amazônia. Ou melhor, criticavam. Porque parece que quando um político quer pôr os interesses da Amazônia para nós, brasileiros, deve ser alvo de críticas pela comunidade internacional. Mas quando outro político quer levar a Amazônia para o mundo, lá não há problema nenhum, e tudo é permitido. Isso só tem um nome: hipocrisia. E há três tipos de hipocrisia contra a Amazônia: o dos ecologistas, o das empresas e o dos políticos.

Proteger a natureza e a Amazônia não é criticar uma pessoa ou um governo pelas suas ideais políticas, nem falar sem dados, nem mostrar interesse só quando quem está no poder é de um partido político do qual gostamos

A hipocrisia dos ecologistas consiste em ter dados errados e não querer ver que o problema dos incêndios e da desflorestação está espalhado pelo mundo. A maior floresta do mundo está na Rússia e tem 12 milhões de quilômetros quadrados, quase o dobro do que tem a Amazônia, 6,7 milhões de quilômetros quadrados. Os defensores do meio ambiente não criticam a Indonésia por produzir óleo de palma, um azeite prejudicial para os humanos e para a natureza.

Os incêndios durante o último verão têm sido fortíssimos na Europa e ninguém tem criticado os governos desses países que deveriam ter agido antes, ninguém protestou nem disse que os incêndios deveriam parar imediatamente. Mas, claro, se for o Brasil, a situação é diferente.

Um exemplo de hipocrisia empresarial é que durante 2019, empresas estrangeiras suspenderam a compra de couro do Brasil e exigiram provas de que os produtos não causavam danos ambientais. Quatro anos depois, findo o governo Bolsonaro, essa preocupação com o meio ambiente desapareceu. Com o retorno de Lula, os compradores estrangeiros esqueceram-se de que eles pediram dados que avaliassem que os produtos brasileiros seguiam as mais rigorosas regras de proteção ambiental.

No que respeita à hipocrisia política, há dois tipos: a nacional e a internacional. A primeira consiste em esquecer que, durante a atuação de Marina Silva como ministra de meio ambiente em 2008, a Amazônia teve desmatamento recorde e ninguém a criticou. A segunda vem da Noruega, que suspendeu repasses de R$ 133 milhões para o Fundo Amazônia durante o governo Bolsonaro e, dois dias após saber que Lula voltou a ganhar as eleições, anunciaram que retomariam a ajuda.

Proteger a natureza e a Amazônia não é criticar uma pessoa ou um governo pelas suas ideais políticas, nem falar sem dados, nem mostrar interesse só quando quem está no poder é de um partido político do qual gostamos. Proteger a Amazônia é mostrar todos os dados e pôr na mesa medidas concretas que ajudem a solucionar o problema; caso contrário, só se mostra uma face da moeda. Aqueles que só criticaram o governo Bolsonaro e a sua gestão da Amazônia, que focaram o problema numa pessoa só, que não viram que o problema tem perspectivas diferentes e que está presente em todo o mundo, só podem ser chamados de uma coisa: hipócritas.

David Carmena García é estudante de jornalismo.

Conteúdo editado por:Bruna Frascolla Bloise
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