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Não podemos escolher Tiriricas como go­­vernantes porque são simpáticos e fazem as pessoas rirem. Esse é reflexo do pensamento de curto prazo dos brasileiros e da falta de seriedade com as questões políticas

Estamos próximos de uma data de grande importância para todos nós, brasileiros. No dia 3 de outubro estaremos escolhen­­do os nossos governantes pelos próximos quatro anos. É claro que não podemos simplesmente indicar quem serão eles e ficar esperando que determinem todo o destino do país. Todos nós temos uma importância na construção desta nação, além do voto a cada dois anos. Adicio­­nal­­mente, os governantes são um reflexo das pessoas que os colocam lá.

No entanto, os indivíduos que estão no co­­man­­do político do país têm uma grande importância na construção de uma nação. São eles que irão determinar quanto e como investir em educação, saúde, infraestrutura, programas sociais etc. Também serão fundamentais na escolha das políticas econômicas e sociais voltadas ao comércio exterior, ao estímulo dos setores chaves da economia, à preservação do meio ambiente, à construção de um ambiente mais propício ao desenvolvimento de empresas, à inovação e difusão de tecnologia, à manutenção de um Estado democrático que respeite e garanta os direitos individuais, inclusive contra a violência, ao combate ao tráfico de drogas, entre muitas outras. Ou seja, é um fator de grande relevância que todos os brasileiros reflitam sobre esse momento de modo a escolher candidatos que sejam adequados ao nível de responsabilidade do respectivo cargo, preparados e comprometidos a exercê-los.

No entanto, essa não é nossa realidade. De modo geral, os eleitores não têm um pensamento de longo prazo quando escolhem seus candidatos. O voto não pode ser levado por um retorno imediato. Para mudar o Brasil, de fato, é preciso que o horizonte de tempo do retorno da maior parte das medidas tomadas pelos futuros governantes seja de 10 a 20 anos, no mínimo. Pre­­cisa­­mos construir o país pensando, principalmente, na próxima geração.

De fato, muitas pessoas têm poucos recursos e qualquer tipo de ajuda já é um alívio. No entanto, o que adianta ficar sempre nessa situação de dependência do governo para conseguir sobreviver? Se outras medidas tivessem sido tomadas no passado, hoje isso não seria necessário.

Para resolver o problema da desigualdade de renda no Brasil, o país precisa passar por uma revolução no sistema educacional, como já apontava Carlos Langoni, no início da década de 70. As diferentes esferas do governo precisam elevar o nível e a qualidade dos investimentos, passando por aumentos salariais dos professores das escolas públicas para atrair profissionais mais qualificados, principalmente nos níveis de ensino fundamental e médio.

Qual é a valorização que um professor do ensino público tem hoje no Brasil? Isso reflete o descaso dos diversos governantes e da população brasileira que escolhe os mesmos. Qual é o horizonte de tempo para que investimentos em educação sejam perceptíveis? Esse tempo é o que causa a falta de investimento nessa área e reflete a visão de curto prazo dos brasileiros, de uma forma geral. Ou seja, os candidatos e governantes não priorizam a educação porque ela não traz retorno no curto prazo e, consequentemente, votos.

Não podemos escolher Tiriricas como governantes porque são simpáticos e fazem as pessoas rirem. Esse é outro reflexo do pensamento de curto prazo dos brasileiros e da falta de seriedade com as questões políticas. Precisamos pensar em candidatos que tenham preparo e comprometimento para que o país possa avançar politicamente, socialmente e economicamente. Precisamos pensar no longo prazo para mudar a atual realidade e construir uma nação que seja mais justa e propicie mais oportunidades a todos.

Luciano Nakabashi, doutor em Economia, professor do Departamento de Economia da UFPR, é pesquisador do CNPQ e coordenador do boletim de Economia & Tecnologia. E-mail:luciano.nakabashi@gmail.com

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