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Um dos desafios diários que os executivos enfrentam no atual cenário mercadológico em que as organizações operam é o dilema da adoção da tão citada inovação na estratégia dos negócios. A inovação é um conceito que atualmente está em todos os círculos de discussão na sociedade, tendo tomado proporções de abrangência global. Mas como tornar a inovação um processo tangível e aplicável? Antes de falar de qualquer metodologia, faz-se necessário analisar a tipologia, ou seja, as diferentes categorias do conceito. A melhor definição para inovação é a utilizada pelo Fórum de Inovação de São Paulo, que é ter uma ideia, trazê-la para o mundo real e gerar resultado com ela. Esse resultado pode ser lucro para a empresa ou a geração de bem-estar para as pessoas, que, neste caso, caracteriza a inovação social. Essa é uma maneira mais palpável de definir a inovação, e, feito isso, podemos pensar em como aplicá-la nas organizações.

O problema é que persiste, ainda hoje, uma associação muito forte entre inovação e lançamento de novos produtos. O conceito de inovação é muito mais amplo. A abordagem que me deixa mais confortável é que se pode inovar na simples resolução de problemas de um determinado grupo de pessoas formado por todos os públicos de interesse envolvidos na situação em questão.

A solução dos problemas contemporâneos muitas vezes transcende uma metodologia linear que, via de regra, gera melhorais ou inovações incrementais. O elemento que adiciona complexidade ao sistema é o ser humano, que demanda uma metodologia mais robusta e com uma abordagem mais sistêmica. Nesse cenário de resolução de problemas em contextos sociais surgiu o design thinking, uma metodologia que teve sua origem na Universidade de Stanford, na década de 60, e vem evoluindo desde então. Foi a partir de um experimento unindo estudantes da engenharia mecânica e estudantes da escola de artes que a universidade conseguiu unir o raciocínio lógico-analítico ao intuitivo em uma disciplina de desenvolvimento de produtos.

O design thinking utiliza a criatividade dos participantes como insumo básico na abordagem e solução de problemas complexos. Este é outro aspecto importante a ser ressaltado, ou seja, a inovação é uma atividade que deve ser realizada em grupo, com seus participantes agregando estilos e formações, as mais diversas possíveis, pois esta complementaridade ajuda a trazer diferentes interpretações e contribuições a respeito do problema a ser resolvido.

Mas, afinal, onde reside a dificuldade de implementar a inovação nas empresas? Um dos aspectos que dificulta sua aplicação nas organizações é que o design thinking tem uma abordagem projetual e requer certa dedicação dos componentes da equipe. Como conciliá-la com as rotinas dos executivos, que têm que manter a eficiência e a qualidade diariamente? Minha sugestão é aceitarmos o fato de que a inovação requer uma mudança de hábitos das pessoas. Portanto, sua bem-sucedida incorporação como uma ferramenta estratégica traduz-se em um processo lento de mudança de cultura na organização. Aos poucos as pessoas conseguirão administrar seu tempo entre as rotinas e o projeto a ser executado.

Nos países desenvolvidos, o setor de serviços representa quase 80% da geração de PIB e no Brasil, de acordo com um levantamento de 2006 do Banco Credit de Suisse, representa um pouco mais de 60%. Esse é um caminho rápido de geração de valor percebido pelo mercado e onde o design thinking pode ter um papel muito importante. Inovar em serviços significa treinar e capacitar as pessoas que irão provê-lo e entender as necessidades das pessoas que irão consumi-lo. Esse setor da economia é composto por serviços de engenharia, hotelaria, restaurantes, vendas, pós vendas e muitos outros. Portanto, há muito espaço para que as organizações criem diferenciais competitivos mesmo em um cenário de crescente desindustrialização.

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