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A internet deixou de ser apenas ambiente de websites de divulgação para ser agente provocador de verdadeiras transformações nos hábitos das pessoas. Por meio dela, hoje declaramos o Imposto de Renda à Receita Federal; escutamos músicas e assistimos a filmes sob demanda; produzimos, editamos e compartilhamos textos, fotos e vídeos; realizamos operações bancárias; adquirimos bens e serviços; reservamos passagens de todo tipo e hospedagem; participamos de redes sociais; formamos grupos on-line; solicitamos táxis; localizamos endereços e os melhores percursos para chegarmos até eles, e muito mais.

Essas são algumas aplicações oferecidas pela internet e que indicam o quanto podem influenciar nas economias e nas sociedades. O processo de seu desenvolvimento foi e é marcado por inúmeras mudanças, mas o que mais deve surpreender é a velocidade (verdadeiramente astronômica!) com que elas têm ocorrido. Há relativamente pouco tempo, a internet nem existia. Atualmente, ela provoca profundas modificações no modo de ser e agir das pessoas, bem como no marketing e nas vendas, na estrutura e na forma de atuação das empresas.

Hoje, a internet ficou onipresente, em particular pela sua disponibilização em celulares e redes wi-fi. Simplesmente utilizamos os diversos serviços que ela proporciona e só nos damos conta de que ela existe quando se torna indisponível por alguma falha técnica ou dificuldade no acesso do sinal sem fio. Apesar de toda essa evolução, a internet está nos seus primórdios, posto que muita coisa ainda será certamente desenvolvida em novos e melhores serviços a serem disponibilizados.

O Paraná pode ser protagonista na área do uso integrado das redes inteligentes de energia e telecomunicações

Numa análise prospectiva, configura-se um novo uso da internet no setor elétrico e um novo modo de alterar o relacionamento da sociedade na interação com esse setor. A nova geração de Protocolo Internet (o chamado “IPv6”, que suporta 340 undecilhões de endereços diferentes) facilita a criação da “Internet da Energia”: uma rede voltada a estabelecer uma comunicação bidirecional entre consumidores e concessionárias de distribuição. Tal rede precisará ser altamente confiável e sempre disponível, garantindo confidencialidade e integridade, não precisando, porém, transportar quantidades extraordinárias de informação.

Previsões sobre o que acontecerá em termos de evolução tecnológica são, a qualquer tempo, muito difíceis de fazer. No entanto, já se verifica hoje uma alteração na matriz energética do país, com aumento enfático no uso das fontes renováveis. Assim, pode-se visualizar um futuro com geração proveniente de 100% de energia renovável, bem como além de 20% da geração proveniente de fontes distribuídas – energia renovável produzida perto do local de consumo, como é o caso da produção elétrica por fonte solar e de biodigestão, evitando-se custos com grandes usinas e linhas de transmissão.

Com a intensificação desse modelo, pode-se arriscar outro prognóstico: o de que, no futuro, a maior parte dos consumidores venha a ser geradora de energia e tenha uma forma econômica e segura de armazená-la em casa ou no local de trabalho. Nesse modelo, o consumidor poderia inclusive ofertar tal energia para a concessionária. É possível igualmente antever que o consumidor venha a ter a possibilidade de escolher a fonte de energia que deseja comprar. Concretizadas essas inovações, as perdas e o número de interrupções no fornecimento de energia seriam reduzidos drasticamente, e o preço para o consumidor cairia significativamente, para melhor qualidade de vida e mais fácil desenvolvimento econômico e social.

A Internet da Energia é essencial na concretização desse cenário. Ela poderá viabilizar maior e mais segura automação das redes de distribuição de energia; automação dos sistemas de medição (smart metering); gerenciamento remoto do despacho de carga da geração distribuída; monitoramento e controle remoto de equipamentos elétricos (smart objects), possibilitando o consumo ótimo da energia no seu uso; maior conhecimento a respeito do comportamento das redes para manutenções preditivas e otimizadas, e maior segurança na sua operação. Cada equipamento poderá ter um endereço IP próprio, sob controle remoto, acessível e monitorável, de qualquer lugar do planeta.

O Paraná tem uma situação especial nesse cenário. A Copel está com experimentos avançados na área das redes inteligentes de energia (os smart grids). Além disso, a Copel tem uma avançada rede de telecomunicações por fibras ópticas, já presente nos 399 municípios do Paraná. Faz-se necessário, agora, que se crie nessa rede uma camada adicional de aplicação que possibilite os serviços aqui apontados, além de inúmeros outros, hoje nem sequer visualizados, mas que vão surgir.

Sob o ponto de vista tecnológico, há plenas condições de que isso se viabilize no Paraná, tornando-o protagonista na área do uso integrado das redes inteligentes de energia e telecomunicações.

Marcos de Lacerda Pessoa, pós-doutor em Engenharia, é superintendente de Inovação na Companhia Paranaense de Energia (Copel).
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