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Há muitas definições de empresa. Uma delas é a de sociedade organizada para explorar a indústria ou o comércio. Há outras, por exemplo: organização do capital e do trabalho empenhada no exercício de atividade econômica, ou ainda, organização para a produção, a troca e a circulação de bens. Segundo os dicionários comuns, empresa é a entidade econômica, civil ou comercial, constituída para explorar determinado ramo de negócio e oferecer ao mercado bens e/ou serviços. Seja de natureza pública ou privada, ela deve atender interesses humanos e sociais. Nos dias correntes fala-se muito em ética profissional e responsabilidade social como predicados de qualquer empreendimento lícito reunindo investimento e labor.

Essas considerações valem para destacar os serviços prestados durante sessenta anos por uma organização civil paranaense e com repercussão em outras regiões do país: o escritório de advocacia fundado em 4 de outubro de 1946, por Augusto Prolik (1927-2000). Pioneiro do estudo, da pesquisa e da aplicação do Direito Tributário em nosso estado, o empresário de origem humilde e sonho de progresso cumpriu um generoso itinerário de vida. Inteligência, profissionalismo, talento e caráter humanitário lhe proporcionaram múltiplas e significativas homenagens e manifestações de reconhecimento público por entidades de classe, associações, empresas privadas e órgãos públicos, além da saudação fraterna que recebia das pessoas mais simples com as quais repartia o cotidiano. Pouco tempo antes de falecer recebeu da Associação dos ex-alunos da Universidade Federal do Paraná a Medalha de Ouro e o Diploma de Honra. Seus princípios essenciais na advocacia eram muito claros: trabalho, ética, lealdade, competência e excelente qualidade do serviço. A ele caberia muito bem outro epíteto: semeador de esperança.

Tais virtudes e exemplos permitiram a boa sucessão da marca e do estilo com a manutenção de uma equipe de valorosos profissionais, agora sob a liderança competente e sensível de José Machado de Oliveira e Faurllim Narézi.

Na apresentação de um livro reunindo artigos publicados na Gazeta do Povo desde 1962 até 2003 e sob o título 40 anos de atualidades fiscais, o Doutor Francisco Cunha Pereira Filho, advogado, jornalista, ex-professor de Ciências das Finanças e Diretor da Gazeta do Povo, prestou significativa homenagem ao criador da coluna: Augusto Prolik. O diretor deste jornal disse que ele "primou sempre pela objetividade e praticidade na abordagem de temas de tão difícil compreensão. Libertas do academicismo, suas crônicas conquistariam a atenção dos mais exigentes leitores e dos contribuintes em geral – graças à clareza das idéias e de seus posicionamentos precisos e atualizados (...)".

No prefácio da mesma obra, Milton Luiz Pereira aplaudiu a defesa dos direitos do contribuinte, "no mais das vezes submetido ao Estado Leviatã" e a proclamação da valiosa máxima da "estrita observância da lei (...) sob a égide superior dos princípios da moralidade administrativa". E demonstrando que a alma do magistrado não abandona a esperança do cidadão, o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça observou: "O que poderia ser interpretado como retórica alarmista, na verdade teve o sentido profético de futura conquista constitucional: a inclusão da ‘moralidade administrativa’ como um dos elementos essenciais do ato administrativo (art. 37, CF/88). Agora, encaminha-se a lei protetora dos direitos do contribuinte – o Estatuto do Contribuinte".

Toda empresa, independentemente de sua conformação ideológica e dos objetivos materiais, deve manter, no interesse de trabalhadores e clientes, um setor especializado em teoria e prática de humanidades. Como diz muito bem o imortal Otto Maria Carpeaux (1900-1978): "O humanismo não é a nossa religião; é a nossa razão de viver".

Afinal, uma empresa com bom serviço social e uma linha de produtos humanos alcança um compensador lucro espiritual.

Sem o qual a vida não vale a pena.

René Ariel Dotti é advogado e professor universitário, foi secretário de Estado da Cultura do Paraná (1987-1991)

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