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Curitiba é cada vez mais uma cidade metropolitana. O 1,8 milhão de pessoas que vive em seu espaço territorial somam-se aos 1,2 milhão de habitantes de 13 cidades em seu entorno. Projeções mostram que a região metropolitana de Curitiba pode ter uma população de 4,5 milhões em 2020. Informação tão impactante – seja do ponto de vista de urbanização (sistema viário, circulação, ocupação do solo, meio ambiente), seja do ponto de vista humano e de qualidade de vida – quanto a de que "nascem" todos os anos três vezes mais automóveis que crianças em Curitiba. São 60 mil emplacamentos novos a cada ano, contra 24 mil novas certidões de nascimento. Superamos, neste momento, a marca dos dois habitantes por automóvel, chegando a 1,94 pessoa para cada veículo motorizado existente na cidade.

Esta tendência, com certeza, não está alinhada a sustentabilidade da cidade. Esse é, sem dúvida, um problema grave a ser enfrentado. E, como poder público, estamos enfrentando com obras e debates públicos. Estamos trabalhando, no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), para projetar a cidade que estará consolidada nos próximos 40 anos. Está em elaboração com a participação da população o Plano de Mobilidade; novas diretrizes estão sendo gestadas para a operação do sistema de transportes. Pela determinação do prefeito Beto Richa, o cidadão metropolitano – 95% da população – conquistou o direito de deslocar-se, em rede, entre 13 cidades pagando apenas uma tarifa, no valor de R$ 1,80, a mais de dois anos.

Neste ambiente extremamente rico estamos debatendo novas alternativas que assegurem mobilidade dentro da cidade. O quarto eixo troncal de transporte – a Linha Verde – dá início efetivo ao processo de planejamento integrado metropolitano, tendo como uma de suas bases a criação de um novo eixo de transporte de massa. A rodovia, transformada em avenida urbana, torna-se fator de integração urbana e metropolitana. A melhoria do terceiro Eixo – o da Marechal Floriano Peixoto – com a implantação da linha direta e a consolidação do trinário do eixo Boqueirão – ruas Tenente Francisco Ferreira de Souza e Anne Frank – cria novas opções de desenvolvimento para a cidade.

Alternativas de transportes não-motorizados – preferencialmente nos eixos da República Argentina e da Marechal Floriano Peixoto estão em avaliação. O Ippuc estuda novas ruas de pedestres e novos modais de alta capacidade, que possam ser integrados à rede existente, especialmente no Eixo Norte/Sul, que, neste momento, atinge sua capacidade máxima entre o Pinheirinho e o Cabral, com ônibus circulando a intervalos de 50 segundos entre eles, nos horários de pico e transportando 260 mil passageiros/dia útil. Estão em fase de conclusão os projetos de reforma e ampliação dos terminais de transporte coletivo: na Rua Lourenço Pinto, Hauer, Campina do Siqueira, Cabral, Pinheirinho, Capão da Imbuia, com alterações das características arquitetônicas para maior conforto e segurança.

Todo esse esforço da administração municipal, no entanto, precisa ser acompanhado de atitude. Atitude e consciência de cada um de nós e de toda a sociedade. Ou investimos fortemente na opção do transporte coletivo e introduzimos modais não-poluentes ou a cidade onde nascem mais carros que crianças sentirá cada vez mais o impacto causado pela opção pelo automóvel.

Luís Henrique Fragomeni é mestre em planejamento urbano e regional, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, onde também coordena o Centro Integrado de Estudos em Geoprocessamento, e ex-presidente do Ippuc.

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