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Nos últimos dias, ouvimos as declarações das autoridades russas sobre como a Ucrânia pode corresponder aos interesses russos e o que o governo ucraniano precisa fazer. Essas declarações são a continuação da prática cínica e irresponsável de violações do princípio internacional de não ingerência nos assuntos internos de outros países. A Rússia não quer perceber que o atual governo da Ucrânia (ao contrário do governo anterior, que se refugiou na Rússia) iniciou uma ampla reforma constitucional e de governabilidade que atende plenamente aos interesses nacionais da Ucrânia, incluindo os dos habitantes do sudeste do nosso país. A Ucrânia se prepara para a eleição presidencial de 25 de maio, o que permitirá a todos os cidadãos, sem exceção, exercer o seu direito de voto.

A Ucrânia não permitirá a ninguém impor os interesses de alguém de fora. O povo ucraniano vai decidir, por si só, o seu próprio destino e não precisa de "ajuda" da Rússia, que, sob o pretexto de supostos interesses dos cidadãos no sul e no leste da Ucrânia, tenta proteger seus próprios interesses por meios dos quais toda a comunidade internacional é testemunha: após anexar a República Autônoma da Crimeia, Moscou passou para a próxima fase da ocupação, usando para isso grupos terroristas para desestabilizar a situação no sul e no leste da Ucrânia. Moscou coloca os interesses russos acima das vidas humanas, e por isso provoca conscientemente o agravamento das tensões, sabendo que as autoridades ucranianas agirão decisivamente contra os terroristas.

O Kremlin é responsável pela situação atual no sul e no leste do nosso país. Vamos apresentar as evidências disso à comunidade internacional, em particular durante a reunião de ministros das Relações Exteriores da Ucrânia, dos EUA, da União Europeia e da Rússia, amanhã, em Genebra.

A peculiaridade da comunicação dos terroristas e o armamento de padrão russo, que nem sequer existe na Ucrânia, certificam que não se trata de "autodefesa do povo", como tenta mostrar a propaganda russa. Ainda há um ano, a televisão russa mostrava reportagem sobre a criação, pela Rússia, das forças de operações especiais para atividades ilegais no exterior. "Pela primeira vez os militares russos declararam abertamente sua vontade de atuar ilegalmente no exterior", informou orgulhosamente o repórter. As pessoas usando máscaras e camuflagem naquela reportagem se parecem muito aos homens armados desconhecidos que ocuparam a Crimeia e aparecem agora no leste da Ucrânia.

Naquele tempo, os militares realizaram treinamentos cujo objetivo era a imitação das ações de combate "no território de um dos países vizinhos". Novas forças especiais, segundo os jornalistas russos, devem "desviar a atenção de alguns países de problemas externos, criando para eles problemas internos, sacudindo o sistema político desses países, desestabilizando a situação, inclusive através de terceiras mãos". Será que são essas unidades especiais que operam hoje na Ucrânia? Será esse o roteiro trabalhado pela Rússia há um ano durante os treinamentos, e que hoje se realiza na prática?

A Ucrânia apela à Federação Russa a parar. Este apelo não é só nosso, mas de todo o mundo: de todos os organismos internacionais importantes, de todos os países, inclusive os mais desenvolvidos, que fazem parte do G7. Não se ouve só em Kiev, Donetsk, Kharkiv, Lviv, Odessa e Ternopil, mas também em Bruxelas e Tóquio, Washington e Jacarta, Lima e Abuja. Uma vez que a Rússia pare, na Ucrânia prevalecerão a paz e tranquilidade.

Rostyslav Tronenko é embaixador da Ucrânia no Brasil.

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