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Franklin Hall, da Kent State University – EUA.
Franklin Hall, da Kent State University – EUA.| Foto: JonRidinger/Wikimedia Commons

Em um mundo de culturas cada vez mais expostas e distâncias cada vez mais curtas, a internacionalização da educação superior vem rapidamente deixando de ser uma opção para se tornar absoluta necessidade para toda universidade comprometida com a qualidade de ensino, pesquisa e extensão.

Os grandes desafios modernos em temas como energia, sustentabilidade, cidades, saúde, tecnologia da informação e direitos humanos, embora exerçam impacto local, são de alcance global, portanto suas soluções dependem da formação de líderes com visão e presença globais. Assim, uma universidade falha em sua missão se não formar cidadãos e profissionais capazes de atuar em diferentes contextos e culturas.

O desafio é considerável: internacionalizar uma universidade – em especial, em países não-anglófonos – é um processo contínuo de mudança cultural que exige tempo, recursos e profundo comprometimento institucional. A internacionalização não ocorre livre de riscos, como a fuga de cérebros ou a perda da conexão com a comunidade local. Neste contexto complexo, as universidades precisam de unidades administrativas dedicadas a facilitar processos e orientar e promover a internacionalização como meio para se atingir a excelência na atividade acadêmica sob uma perspectiva global em todos os seus níveis: graduação, pós-graduação, pesquisa, extensão e inovação.

O impacto da experiência internacional fica evidente no testemunho de quem a viveu

O esforço vale a pena: o impacto da experiência internacional fica evidente no testemunho de quem a viveu, na qualidade da formação técnico-acadêmica mas, principalmente, como experiência transformadora. E para aqueles que não tem a oportunidade de viajar – apenas uma pequena fração da comunidade universitária em qualquer país do mundo é móvel –, é preciso trazer o mundo para dentro de casa, em um processo de democratização denominado “internacionalização em casa.”

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) assumiu esse desafio quando elegeu a internacionalização como prioridade, orientada pelos valores fundamentais da multiculturalidade, inclusão, inovação e presença solidária. Esta decisão está traduzida no Plano Institucional de Internacionalização, vigente desde 2016, que elenca uma série de estratégias. Desde a implementação do plano, concebido para dar continuidade a um trabalho que se iniciou já em 2006 com a inclusão da internacionalização pela primeira vez no plano de desenvolvimento estratégico, diversos resultados já podem ser percebidos.

O programa Global Classes, por exemplo, coloca a PUCPR como a universidade brasileira com o maior número de disciplinas de graduação regularmente oferecidas em inglês, conforme dados divulgados no relatório 2019 do British Council em parceria com a Associação Brasileira de Educação Internacional (Faubai).

Já o American Academy, lançado em 2018 em parceria com a Kent State University (KSU, Ohio, Estados Unidos), traz o primeiro curso de graduação do Brasil seguindo o modelo americano de educação em liberal arts.

Rodrigo Constantino: Para que servem as universidades? (publicado em 27 de março de 2019)

Leia também: Universidade: autonomia, liberdade e dever (artigo de Percival Puggina, publicado em 3 de janeiro de 2019)

Além deles, há ainda o Law International Program (LIP), programa modular da Escola de Direito que permite a internacionalização customizada dos estudantes de acordo com seus interesses e capacidades individuais, e o Business Management Program, curso de graduação em administração da Escola de Negócios que garante a todos os estudantes dupla diplomação com instituições parceiras na Europa, América do Norte e Ásia.

Todas essas iniciativas culminam com a inauguração do Campus Florence, campus da PUCPR em Florença, Itália, que marca sua presença física na Europa, na cidade italiana berço do renascimento. Ter um campus na Europa expande significativamente o raio de atuação da instituição, tanto na oferta de oportunidades para seus estudantes quanto na visibilidade voltada para a atração da comunidade internacional. A proposta do Campus Florence é de se tornar um hub de atração de estudantes, professores e pesquisadores para um ambiente acadêmico verdadeiramente multicultural e inclusivo.

Internacionalizar uma universidade não é um processo natural e espontâneo; pelo contrário, são necessários comprometimento e recursos para superar barreiras em um país não-anglófono de pouca tradição de abertura global em diversos setores da sociedade.

E embora o MEC atualmente favoreça a criação de cursos de graduação e pós-graduação em diferentes modelos experimentais, o reforço na disseminação da língua inglesa – como fator de inclusão internacional – e a adoção de uma postura de maior abertura para a comunidade internacional certamente favorecerão a inclusão do Brasil no mundo da educação sem fronteiras.

Marcelo Távora Mira é professor do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e diretor do PUCPR International.

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