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Espera-se da nova administração municipal rigor metodológico na construção de um plano de desenvolvimento turístico para Curitiba. Que se coloque em debate com especialistas seguido de aprovação pública a natureza, a escala e a velocidade do incremento contínuo almejado para o setor.

Normalmente, o que se observa são disposições do que deve ser feito, quando e onde e quem coordenará, promoverá e monitorará as ações propostas. E quase sempre é deixado para trás a maneira como será posto em prática tal plano. Flagrante incongruência parece estar entre o prestígio que Curitiba tem, sobrepondo-se à economia local e a assuntos de bem-estar social.

O glamour e o prestígio de Curitiba foram, ao longo de anos, bem trabalhados por uma estratégia de marketing eficiente. Não fosse a seriedade nos serviços ofertados pelas empresas turísticas da região, bem acima da média brasileira em termos de qualidade e competitividade, a situação estaria caótica.

A movimentação do turismo de negócios e eventos já ultrapassou um R$ 1 bilhão por ano, e dos quase 4 milhões de turistas que vêm a Curitiba anualmente, 55% vieram com propósito primeiramente profissional, seguido da busca por lazer no tempo livre.

A capital paranaense captou só no ano passado 21 eventos de porte, gerando quase 1,5 milhão de pernoites quando da realização desses eventos, reafirmando a boa capacidade de absorção da rede hoteleira local e dos espaços de eventos.

Mas poderia ser muito melhor. Um destino integrado como Curitiba, Região Metropolitana e Litoral, por exemplo, ainda precisa resolver definitivamente questões como acessibilidade, mobilidade urbana, logística (leia-se aeroporto e Rodoferroviária), poluição visual, sonora e ambiental, além da falta de uma promoção e comercialização eficaz da cidade no exterior. Turistas estrangeiros que vêm a Curitiba têm dificuldades em encontrar informações em inglês na internet, pois nem mesmo um site oficial da cidade foi criado. Também estão subvalorizadas as pesquisas sobre o turismo urbano, sobre a imagem da cidade, a qualidade do produto e a experiência turística, temas em que a nossa UFPR é referência nacional e internacional.

É preciso oferecer assistência aos investidores e desenvolver a infraestrutura em locais previamente escolhidos, dever de casa da municipalidade, mas há tempos relegada a terceiros. E está claro que os curitibanos querem serviços não apenas voltados para os turistas, mas para os residentes também.

A administração municipal deve apresentar uma abordagem focada em negócios e eventos, pois é o segmento turístico que mais traz benefícios. Para isso, são necessárias pesquisas com dados mais amplos e aprofundados sobre o turismo local e regional, políticas públicas de captação de eventos, e de empenho dos governantes em criar um fundo municipal de turismo para ampliar os investimentos em marketing turístico.

Infelizmente, o habitual é que tomadores de decisão deixem-se levar pelas ondas do poder, relegando o turismo de negócios e eventos a um papel coadjuvante. Não podemos deixar que a Copa do Mundo de 2014, uma alavanca de oportunidades, visibilidade e benefícios para a cidade, torne-se apenas mais um evento que passará apenas deixando saudades.

Dario Luiz Dias Paixão é presidente do Curitiba, Região e Litoral Convention & Visitors Bureau.

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