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O evangelista Lucas escreve o seu Evangelho mais ou menos cinquenta anos depois da morte e ressurreição de Jesus, e nesses cinquenta anos aconteceram fatos terríveis. Houve guerras, revoluções políticas, catástrofe: o templo de Jerusalém foi destruído, os cristãos são vítimas de injustiças e perseguições. Como explicar esses acontecimentos dramáticos?

Todos se lembram das palavras do Mestre: "Haverá grandes terremotos em várias partes, fomes e pestes e aparecerão fenômenos espantosos no céu e lançarão as mãos sobre vós" (Lc 21,11). Tudo foi previsto por Ele, portanto, alguém começa a interpretar as calamidades que estão acontecendo como sinais de que o fim do mundo está próximo e que o Senhor Jesus está para aparecer entre as nuvens do céu.

O Evangelho de hoje quer dar uma resposta a essas falsas expectativas: "é necessário que isto aconteça primeiro, mas virá logo o fim" (Lc 21, 9b). O mundo novo já começou, mas a sua manifestação será lenta e penosa. A sua aparição será como um parto e acontecerá na dor. O fim do reino do pecado não deve ser confundido coma destruição da terra da terra na qual vivemos. As verdadeiras preocupações dos cristãos devem ser outras, por exemplo, saber o que se deve fazer hoje, manter-se vigilante para estar pronto para acolher o Senhor, em qualquer hora. São estas as ideias principais do trecho que agora procuraremos analisar com atenção.

O templo de Jerusalém era tão esplêndido que entre o povo se dizia: "Quem não viu o templo não conheceu a mais estupenda maravilha do mundo". Certo dia algumas pessoas se aproximam do Mestre para chamar-lhe a atenção para a construção do templo, feitas de pedras e recamado de ricos donativos. A sua resposta surpreende bastante a todos. Ele anuncia a destruição daquele edifício, que constitui o orgulho de Israel: "Dias virão em que destas coisas que vedes e admirais – lhes diz – não ficará pedras sobre pedra". Perguntam-lhe ainda: "Mestre, quando acontecerá isto? E que sinal haverá para saber-se que isto se vai cumprir?" Jesus não sabe especificar a data, pois não a conhece como também não conhece o dia e a hora do fim do mundo. Ele não é mago ou adivinho, por isso não responde (Cf. Lc 21, 5-8).

Por que Lucas narra esse episódio? Para alertar suas comunidades sobre aqueles que confundem os próprios sonhos com a realidade. Há alguns fanáticos que atribuem a Cristo alguns vaticínios que, ao invés, são hipóteses extravagantes e invenções. O evangelista convida seus cristãos a abandonar esses malucos e refletir, ao contrário, sobre a única coisa que lhes deve interessar: o que fazer, concretamente, para colaborar com o advento do mundo novo, do Reino de Deus.

Depois de ter alertado para considerarem o tempo de espera como uma gestação que antecede o parto, Jesus preanuncia as dificuldades que os seus discípulos deverão enfrentar. Quais serão os sinais do surgimento e da instauração do reino de Deus neste mundo? Não serão as vitórias, nem os aplausos, nem as palmas dos homens: serão as perseguições. Jesus prevê para os seus discípulos: as prisões, as calúnias, as acusações injustas, as denúncias, a traição pelos próprios familiares e dos melhores amigos.

Nessas situações difíceis eles poderão sentir-se tentados a desanimar, poderão sentir-se fracassados e levados a pensar que tomaram o caminho errado nesta vida: porque suportar tantos sofrimentos e submeter-se a tantos sacrifícios? É tudo inútil! Os ímpios continuarão prosperando, cometendo violências e dominando sobre os justos! Não! Isto não acontecerá! – responde Jesus. Deus conduz os acontecimentos da vida dos homens e até os planos dos maus são orientados para o proveito dos seus filhos e para a instauração do Reino.

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