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Como muitos brasileiros, estou cansado dos vários erros de política econômica que impedem o avanço do nosso país em termos econômicos e sociais, dos escândalos de corrupção que aparecem todos os dias na mídia e que só mostram uma parcela da podridão existente em nosso sistema político, das manobras políticas para a manutenção do poder sem pensar no coletivo, ou seja, nem que para isso ocorra uma paralisação do país em vários sentidos, com elevados custos sociais, além da falta de preparo e ética de nossos políticos.

Indo além, muito me desaponta quando saio de casa e observo várias pessoas desrespeitando constantemente as regras de trânsito que existem para melhorar a mobilidade urbana e dar maior segurança a todos; a falta de consciência do cidadão médio em relação às regras básicas de civilidade em relação ao lugar de se colocar o lixo e as fezes dos bichinhos de estimação; a falta de cuidado com o patrimônio público; os alunos que colam na prova, enquanto há um esforço genuíno para que eles aprendam e tenham uma boa formação, além do elevado custo para a sociedade na manutenção das universidades públicas e gratuitas.

Não vejo diferença relevante entre os escândalos políticos e o comportamento médio da sociedade brasileira

Deixa-me indignado o síndico que desvia recursos para benefício próprio; o corretor que exagera nas vantagens de um imóvel em questão, além de colocar estimativas otimistas para os próximos anos em relação ao preço dos imóveis que nem economistas e analistas econômicos bem preparados conseguem imaginar; o corporativismo excessivo, sobretudo no setor público; o excessivo individualismo que faz com que as pessoas não percebam que isso é uma das principais causas para a sociedade doente de valores em que vivemos, sem contar que todos nós pagamos o preço dessa sociedade extremamente desigual, sobretudo no que diz respeito às oportunidades; o pensamento de curto prazo do brasileiro médio; a mentalidade de que o Estado deve providenciar tudo para todos; entre muitas outras coisas.

Não vejo diferença relevante entre os grandes escândalos políticos jamais presenciados nesse país e o comportamento médio da sociedade brasileira. Claramente, existe uma trajetória histórica e a existência de instituições que favorecem certos grupos de interesse que ajudam a entender as várias distorções econômicas, morais e sociais que enfrentamos no dia a dia. No entanto, a nossa sociedade se acostumou a ser hipócrita ao julgar sempre o que ocorre na esfera política e também nos relacionamentos diários, agindo de forma muito similar e também sem fazer a sua parte para que as coisas melhorem.

Todos nós que temos ou já tivemos 32 dentes e com capacidade normal de raciocínio sabemos, mesmo que sem parar para refletir sobre o assunto, que temos uma parcela de culpa por essa sociedade brasileira que está ao contrário do que seria esperado. Que neste começo de ano cada brasileiro perceba essa parcela de culpa que tem na difícil situação que enfrentamos, para que 2016 seja um ano de início de recuperação econômica, social e moral para todos nós!

Luciano Nakabashi, doutor em Economia, é professor da FEA-RP/USP, pesquisador do Ceper/Fundace e do CNPq.
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