Independentemente da motivação que levou ao ato, o tiro disparado contra o automóvel do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Valdir Rossoni, na sexta-feira à noite, nas proximidades de Bituruna, Região Sul do estado, exige uma pronta e eficiente apuração das autoridades. Muito embora o parlamentar não estivesse no interior do veículo no momento do incidente, nada desautoriza a hipótese de um atentado premeditado contra a autoridade máxima do Legislativo paranaense. Outras possibilidades seriam quatro no total segundo o delegado encarregado do caso estão sendo investigadas e também não podem ser descartadas entre as elencadas para explicar a ação criminosa.
A Assembleia do Paraná esteve nos últimos meses no olho do furacão do noticiário político como consequência das revelações sobre os desmandos administrativos que vinham ocorrendo há décadas em seu interior. A série jornalística dos Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPC TV, escancarou os escândalos representados por desvios milionários de recursos e a contratação de funcionários fantasmas. A indignação popular decorrente das revelações foi o condão para o início das transformações efetuadas pela mesa diretiva da Casa eleita a partir da nova legislatura.
Diante do extenso rol de interesses contrariados da parte de quem perdeu os privilégios absurdos que predominaram por anos a fio, não é um despropósito supor que pode estar aí o fator que desencadeou o nebuloso episódio da sexta-feira à noite no interior do estado. Se não é difícil levantar pelo menos uma razão factível para o atentado, fica em aberto a autoria do ato delituoso. Chegar ao responsável pelo disparo e, principalmente, ao mandante do crime deve merecer o carimbo de prioridade máxima.
Afinal de contas, não é possível tolerar a simples suposição de que o representante maior de um poder, eleito democraticamente, possa vir a sofrer algum tipo de coação ou retaliação em razão de medidas tomadas; notadamente quando estas têm o respaldo da sociedade e caminham no sentido da moralização de uma instituição que foi inescrupulosamente usada por quem tinha a obrigação de gerir com ética e transparência a instituição. Em última análise, salvo esclarecimentos que conduzam a outro desfecho, o disparo contra o carro do presidente da Assembleia é um gesto que atenta contra a própria democracia e um de seus poderes. O respeito à lei e à ordem não permite que atos dessa natureza ocorram impunemente. Em caso contrário, lamentavelmente, chegaremos à perigosa constatação de que o Estado de Direito está sendo suplantado pela lei do gatilho.
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