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Em 2009, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) publicou a Resolução nº 418, que determina a elaboração, por parte de todos os estados brasileiros, de Planos de Controle de Poluição Veicular (PCPV), a fim de reduzir a emissão de gases e a poluição sonora. A medida é especialmente importante num momento em que as consequências da ação humana são evidentes, provocando efeitos drásticos como o aquecimento global.

No Paraná, o documento foi elaborado em 2011, mas as medidas ainda não saíram do papel. Para um estado que apresenta bons exemplos de políticas públicas relacionadas à mobilidade urbana, essa morosidade soa contraditória. Estamos praticamente em 2015 e o processo de licitação para definir as oficinas mecânicas responsáveis pelas inspeções continua parado, aguardando as ações do governo estadual e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

Lentidão que contrasta com o crescimento da frota paranaense, que aumentou 38% em sete anos, passando de 3,9 milhões para 6,4 milhões de veículos, segundo dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran). Só em Curitiba, são mais de 1,3 milhão de motores, número que também representa o total de mortes causadas no mundo em decorrência da poluição urbana, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na cidade de São Paulo, onde o plano já foi implantando – e está suspenso atualmente por problemas políticos –, as melhorias em qualidade de vida foram nítidas durante o período de funcionamento. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que, em 2012, foram evitadas 559 mortes por problemas respiratórios, levando em conta apenas o controle das emissões dos veículos a diesel. Além disso, 1.813 internações pelo mesmo motivo deixaram de ocorrer em três anos, o que significou uma economia de R$ 320 milhões para o município.

Resultados como esses acompanham os atuais debates sobre a construção de cidades que privilegiem tanto o bem-estar de seus moradores quanto o respeito à natureza. Assim como as diversas iniciativas sustentáveis que avançam a cada dia, o PCPV paranaense – que deve funcionar prioritariamente na Região Metropolitana de Curitiba – também precisa evoluir. Junto com ele, deve vir a preocupação com a inspeção de segurança dos veículos, verificando itens que podem causar graves acidentes se estiverem em condições inadequadas.

O que falta enxergarmos com clareza são os benefícios que o plano pode proporcionar. Para os cofres públicos, redução de custos hospitalares em decorrência de complicações respiratórias; para o desenvolvimento do estado, mais postos de trabalho no setor automotivo e investimentos em qualificação para atender às novas demandas; para os proprietários de carros, a garantia de ter um veículo sempre em dia; e, para a população, uma qualidade de ar melhor e níveis mais baixos de ruído.

No entanto, se permanecermos negligenciando o meio ambiente, nenhuma dessas mudanças será possível. Ao contrário: estaremos comprometendo, cada vez mais, o lugar em que vivemos. E, assim como a saúde dos seres humanos, a saúde do planeta também continuará sendo prejudicada. Talvez, com danos irreversíveis.

Wilson Bill, empresário do setor automotivo, é presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Paraná (Sindirepa-PR).

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