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O mercado de lançamentos imobiliários em Curitiba passa por um momento de estabilização. Estabilização, não desvalorização! Assim como os preços, que vão continuar a subir, porém dentro de um cenário de constância, seguindo os principais índices de correção e ativos do país, de forma ordenada, o número de lançamentos também tende a passar por um processo de acomodação, respeitando o equilíbrio entre oferta e demanda de diferentes períodos, mantendo o desenvolvimento e o crescimento sustentável do setor.

Em Curitiba, começamos a entrar na era das entregas, considerando o segmento de lançamentos imobiliários. Desse modo, é inevitável um incremento na quantidade de estoque de imóveis novos, ao se considerar que boa parte dessas unidades foi adquirida com fins de investimento. Em casos esparsos, restrições de ordem financeira do comprador implicaram no retorno de algumas unidades ao mercado, quando extinguidas todas as possibilidades de renegociação.

Unidades essas que hoje estão sendo vendidas com preços maiores do que à época em que foram colocadas no mercado, com a devida atualização de valores, e que se concentram, em maior número, em algumas empresas de capital aberto, proporcionalmente à quantidade de imóveis por elas lançados. Companhias nacionais – que inegavelmente auxiliariam na correção dos valores de mercado que se encontravam, em Curitiba, absurdamente descolados de outras capitais de mesmo porte –, mas que precisam garantir a rentabilidade de seus acionistas, cumprindo metas alheias à própria dinâmica de mercado para a composição de balanços positivos, que garantam a valorização das suas ações negociadas na bolsa de valores.

Embora a pressão seja única, a estratégia adotada para alcançar esse fim varia conforme a política de cada organização. Em determinados momentos, algumas não podem esperar o tempo de decisão do comprador – uma oferta maior de imóveis implica em mais opções para o cliente –, e vale frisar que pontualmente lançam mão de bonificações para os compradores, a fim de acelerar essa definição. Facilidades que, na ponta do lápis, não raras vezes, correspondem ao desconto tradicionalmente oferecido por construtoras, incorporadoras e imobiliárias para aquisições à vista ou nos quais a composição de pagamento compreende prazos menores que os comumente oferecidos pelos agentes financeiros e desencaixes em parcelas de maior valor.

Muitas vezes, o procedimento é semelhante ao sistema usado pelas concessionárias de veículos. Em vez do desconto em dinheiro, são oferecidos acessórios para chegar ao preço adequado ao cliente, como móveis na cozinha, uma viagem ou um automóvel. Considerando o preço final do bem, a redução se iguala e se mantém no âmbito da prática de mercado. Ainda assim, esse imóvel não apresenta desvalorização. Não esqueçamos que ele foi colocado à venda ainda na planta, há dois ou três anos, e está sendo renegociado sem depreciação, acumulando a valorização do período.

Em sentido oposto, outras construtoras e incorporadoras, boa parte delas pequenas e médias empresas da construção civil, comemoram o sucesso de venda dos lançamentos antes mesmo da conclusão das obras. Com empreendimentos por vezes mais enxutos, com menos unidades, num ritmo cadenciado, atuando em nichos específicos, que historicamente compõem o seu público alvo, ou abrindo novas frentes, mantêm seu bom desempenho, mesmo para a venda de empreendimento de alto padrão e luxo, com valor médio acima de R$ 1 milhão.

Apesar do incremento na oferta de imóveis novos, o mercado de lançamentos segue o ritmo de crescimento e valorização em Curitiba. Os indicadores apontam valorização média de 13% dos apartamentos residenciais novos em 2012, mesmo porcentual contabilizado em 2011, com alta nas diferentes tipologias e padrões. A velocidade de vendas também permanece estável, próxima de 10, quase o dobro da média histórica para a cidade. Os ajustes, ainda que pontuais, são inevitáveis. Mas é nesse caminho da prudência e bonança que continuaremos a seguir. Sem compreender o todo pela parte e vice-versa.

Gustavo Selig é presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR).

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