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Felipe Lima

A busca por novos caminhos na área de energia tornou-se questão de sobrevivência da humanidade e oportunidade de novos negócios e desenvolvimento econômico. Os chineses que o digam! Já perceberam isso há tempos e tornaram-se os maiores produtores de placas solares para geração de energia elétrica no mundo. Claro, ainda utilizam o carvão em larguíssima escala, mas já investem pesado na energia do futuro e dominam o mercado.

Os gases emitidos por termelétricas a carvão são uma das principais causas das mudanças climáticas, o maior problema que afeta o futuro da humanidade – e de tantas outras espécies com quem compartilhamos esse planeta. Esse discurso pode parecer exagerado, ecochato, mas está mais que comprovado por cientistas das mais renomadas instituições acadêmicas do mundo. Essa ciência embasou acordo internacional ambicioso em Paris, no fim de 2015, que apontou caminhos para salvarmos nossa espécie e outras que já estão extremamente ameaçadas, ou desaparecendo, em função do agravamento do efeito estufa.

As usinas termelétricas que usam carvão tornaram-se tecnologia ultrapassada

As usinas termelétricas que usam carvão tornaram-se tecnologia ultrapassada. Sua utilização está na contramão do bom senso. Representa retorno a uma energia que fez sentido nos séculos passados, mas tornou-se um grande problema para as gerações futuras. Em termos simples, continuar utilizando carvão para gerar energia elétrica nos níveis atuais é negar um futuro à humanidade. Portanto, não se justifica que o Brasil autorize esse abuso. É urgente evitar a aprovação de legislação em discussão no Congresso. Vai na contramão das políticas que o próprio governo defende, de aumento de fontes renováveis em nossa matriz. Nosso presidente deve o veto a essa medida provisória aos seus filhos e netos – e aos nossos também.

É verdade que termelétricas a carvão são mais preocupantes na Ásia, onde subsistem e são ainda construídas em grande escala. No Brasil, não são relevantes para nossa matriz energética. Porém, retomar esse rumo é dar um sinal equivocado. Os investidores que apoiam esse tipo de negócio deveriam perceber que ele não tem futuro e seguir a orientação dos grandes fundos que repelem o investimento em carvão e aplicam seus recursos nas fontes de energia de baixa emissão de carbono, que prometem crescer nos próximos anos. O país tem investido na abertura do mercado para energia solar e eólica, mesmo que lentamente, e esse sinal já dá conforto para investidores seguirem nessa direção. Esperamos bom senso dos tomadores de decisão neste país.

Rachel Biderman, advogada da área de meio ambiente, é diretora-executiva do WRI Brasil e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.
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